Em homenagem à vida e obra do artista brasileiro Efrain Almeida, falecido a 23 de setembro de 2024, a Coleção da Caixa Geral de Depósitos destaca a obra Árvore com estigmas (2000). A instalação composta por 23 peças de madeira foi adquirida na sequência da sua apresentação na exposição, organizada em parceria com a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP), “Um oceano inteiro para nadar”, com curadoria de Ruth Rosengarten e Paulo Reis, na Culturgest – Lisboa, de maio a julho de 2000.

Nascido em 1964 no Ceará, Efrain mudou-se para o Rio de Janeiro em 1976. Em 1986 iniciou a sua formação artística em Pintura e Escultura, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 1990 participa no curso no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. As suas esculturas combinam metaforicamente elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro com aspetos autobiográficos. Desde a década de 90, a madeira passou a ser a matéria-prima da sua preferência. Através de técnicas e linguagens dos entalhadores sertanejos, dos santeiros e do catolicismo popular, o escultor propõe narrativas delirantes. Por intermédio de um bestiário alargado, bem como da humanização de elementos vegetativos, o artista realiza pequenos objetos que remetem para os ex-votos cristãos. Imbuídos de uma carga simbólica íntima, estas obras transformam estas dádivas divinas como algo infantil e subversivo. “Sua simplicidade é igualmente sua força inteira.” (Valter Hugo Mãe). A obra Árvore com estigmas (2000), incorporada em 2001 na Coleção da Caixa Geral de Depósitos, é uma das suas obras paradigmáticas. Trata-se de um conjunto de 23 pequenas peças esculpidas em madeira que conjugam ramos de árvores sem folhas com figuras humanas. Esta instalação obriga o espectador a aproximar-se para desvendar os pequenos pormenores, contagiar-se com as expressões faciais e deslindar as narrativas subjacentes. Entre a arte popular da sua terra natal e a arte erudita da cidade cosmopolita, o escultor revela a pertinência de uma obra cheia de uma vitalidade que a morte não irá apaziguar.

A sua obra está representada em importantes coleções de instituiçõescomo: CGAC – Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; Fundação ARCO, Madrid, Espanha; Instituto Inhotim, Minas Gerais, Brasil; MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; MoMA – Museum of Modern Art, Nova Iorque, Estados Unidos; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil.

Hugo Dinis