VOZES DA MARÉ

Um centro cultural que começa num armazém abandonado, sem telhado e sem palco, na favela Nova Holanda, uma de seis favelas que compõem o complexo de favelas da Maré, com cerca de 140 mil habitantes.

Neste microsite, entramos na Maré para conhecer as suas vozes. A história da Escola Livre de Danças da Maré e do processo de criação coletiva de Fúria.

Espaço de encontro e resistência

Desde 2004 que Lia Rodrigues desenvolve atividades artísticas e educacionais na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, em parceria com a ONG Redes da Maré. Desse encontro nasceu o Centro de Artes da Maré, aberto ao público em 2009, e a Escola Livre de Danças da Maré, inaugurada em 2011. Enquanto espaço de criação, formação e difusão de arte e sede da Companhia de Danças de Lia Rodrigues, o Centro de Artes da Maré funciona como um centro cultural que oferece uma programação gratuita de dança, teatro, aulas, oficinas, exposições, conversas e mostras musicais.

No âmbito da celebração dos 30 anos da Companhia de Danças de Lia Rodrigues e a convite da HAU Hebbell am Ufer em Berlim, foi criada uma coleção de sete cadernos, em suporte de vídeo, que registam o universo artístico da Companhia. Neste caderno mostram-nos a criação do Centro de Artes da Maré, o seu quotidiano e as histórias de quem habita diariamente o Centro.

"A realidade do local onde trabalhamos tem uma influência decisiva em nossos modos de criação e produção. Isso se aplica a uma favela no Rio de Janeiro, como em qualquer outro lugar do mundo. Trabalhar numa das maiores favelas cariocas (140.000 habitantes), um lugar em que a precariedade e a instabilidade resultantes de desigualdades económicas e sociais estão sempre presentes, com certeza afeta os nossos corpos e a maneira como organizamos nossas ideias. Como responder esteticamente a tudo isso? O palco é o local do nosso discurso estético e político."
Lia Rodrigues

Fúria pela voz de quem o dança

KAROLINE SILVA

 

LEONARDO NUNES

 

ANDREY SILVA

 

LARISSA LIMA

 

Sobre Lia Rodrigues

 

Lia Rodrigues nasceu em 1956 em São Paulo, Brasil, onde estudou Ballet Clássico e tirou o curso de História na USP. Em 1977, foi uma das fundadoras do grupo independente de dança contemporânea Andança, vencedor do prémio da APCA em 1978. Entre 1980 e 1982, trabalhou na Compagnie Maguy Marin, em França, onde participou da criação de ‘May B’, um dos mais celebrados espetáculos de dança contemporânea.

 

De volta ao Brasil, mudou-se para o Rio de Janeiro e fundou a própria companhia, Lia Rodrigues Companhia de Danças, em 1990. A companhia mantém a sua atividade o ano inteiro, dando aulas, repetindo o repertório, além de pesquisa e criação de novos trabalhos. No Brasil, apresentou-se em diversas cidades além de oferecer workshops. Apresentou os seus trabalhos em mais de 25 países. Mais detalhes no link sobre a história da companhia.

 

Desde 2018, Lia Rodrigues é uma artista associada do Théâtre National de Chaillot e do Le 104, ambos em Paris. Em 2005, ganhou do governo francês a medalha de Chevalier des Arts et des Lettres. Recebeu prémio da Fundação Prince Claus, da Holanda, em 2014, por seu trabalho artístico e social. Nesse mesmo ano foi agraciada com o AFIELD Fellowship por sua iniciativa no Centro de Artes da Maré. Em 2016, recebeu a premiação de coreografia da Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques [SACD]. No ano de 2017, recebeu o prêmio Itaú Cultural 30 anos na categoria Criar.

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Curadoria, Produção e Jurada

Lia Rodrigues também desenvolveu atividades de produção e curadoria de exibições e encontros de dança.

* 1992 - Criou e dirigiu por 14 anos o mais importante festival de dança do Rio de Janeiro, o Panorama da Dança.

* 1998 – Coordenou o projeto "Dança na Quarta" da Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro para mostrar trabalhos de artistas cariocas de dança contemporânea.

* 1998 – Exibiu "Memória em Movimento", em homenagem a três grandes nomes da dança nacional: Klaus, Angel e Rainer Vianna (em conjunto com o pesquisador e crítico de dança Roberto Pereira)

* 1998 – Foi uma das curadoras da exposição Caixa de Folia no Museu da República, no Rio de Janeiro, em comemoração ao 60.º aniversário da missão folclórica do escritor Mário de Andrade.

* 1999 – Dividiu a curadoria da exposição Coração dos Outros – Mário de Andrade, com mais de 40 mil visitas.

* 2000 – Criou o ‘Condomínio Cultural’ após recuperar um prédio histórico no Centro do Rio junto com a diretora de teatro Ligia Veiga.

* 2000 a 2002 – Foi coordenadora artística da Mostra BNDES Arte em Ação Social.

* 2002 a 2006 – Criou junto com a dramaturga Silvia Soter e em parceria com o Consulado da França no Rio de Janeiro o projeto ‘Cahier de Dance’, um lugar de encontro e intercambio entre bailarinos franceses e brasileiros.

* 2003 – Organizou o programa de dança do Rio de Janeiro para 12 dos maiores teatros e centros culturais franceses em preparação para o Ano do Brasil em França 2005.

* 2003 – Jurada do programa 'Mentor and Protégé' da Rolex Foundation

 

Colaboração com artistas visuais

* 1998 - Criação da performance para a retrospectiva Lygia Clark no museu Paço Imperial.

* 2001 - Performance para a obra ‘Teresa’ do artista Tunga no Centro Cultural Banco do Brasil.

* 2003 - Performance para a obra ‘TRou Rouge’ do artista Tunga no museu do Inhotim.

* 2005 - Performance para a instalação 'Laminadas Almas' de Tunga, no Espaço Tom Jobim, Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

 

Educação

Durante os 40 anos de atividade profissional, a coreógrafa articula formação e criação artística ministrando aulas, oficinas e palestras.

*1999 - Organizou aulas para professores de CIEPS em várias cidades do Brasil (São Luiz do Maranhão, Marabá, Catas Altas-MG, Paraoapebas) no projeto Escola que Vale da Fundação Vale do Rio Doce.

*2005 - Organizou aulas de dança em escolas de bairros populares do Rio de Janeiro para o projeto TIM.

*2005 - Foi professora convidada do Fórum Dança e do curso de coreografia do “Programa Gulbenkian de Criatividade e Criação Artística” ambos em Lisboa.

*2006 - Participou do projeto ‘Education Acts!’ do Tanzquartier em Viena, Austria.

*2007 - Foi uma das orientadoras de artistas no projeto residências da Fundação Gulbenkian, Lisboa.

*2009 - Foi professora convidada do programa ESSAIS de pós graduação da École Supérieure du Centre National de Danse Contemporaine de Angers, França.

*2011 - Foi professora convidada da escola PARTS de Anne Teresa De Keersmaeker, Bélgica.

*2012 - Professora convidada para os alunos do curso regular da École Supérieure du Centre National de Danse Contemporaine de Angers, França.

*2014 - Professora convidada e dirigiu a finalização do curso de formação avançada para alunos do PEPCC do Fórum Dança em Lisboa.

*2017 - Professora convidada do Fórum Dança de Portugal, onde ministrou aulas para os alunos do PEPCC e para o curso Dança e Comunidade.

*2017 - Fez o acompanhamento dos estudantes do programa de Mestrado (Master /Exerce) do ICI — CCN de Montpellier, França.

*2018 – Professora convidada da Freie Universität Berlin / Valeska Gert junto com a Akademie der Künste Berlin.

- Resume

O Projeto Invisível #4 / 4. Da Maré

Em 2009, na favela da Maré, no Rio de Janeiro, nasceu a Escola Livre de Dança da Maré, de uma parceria entre a Lia Rodrigues Companhia de Danças e a ONG Redes da Maré. A coreógrafa brasileira apresenta-se na Culturgest com dois espetáculos, Fúria e Encantado, e uma conversa.

3. Ouvimos juntos

Uma playlist da artista e compositora musical Inês Malheiro para três espetáculos de dança que integram a programação desta temporada: t u m u l u s, de François Chaignaud e Geoffroy Jourdain, o díptico Fúria e Encantado, de Lia Rodrigues, e Corpo Clandestino, de Victor Hugo Pontes.
FICHA TÉCNICA

FOTOGRAFIA
Sammi Landweer

VÍDEO
Lia Rodrigues Companhia de Danças

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO DE CONTEÚDOS
Helena César

DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo