Amores Infinitos é o nome do espetáculo que celebra uma década de The Rite of Trio e que abre as portas para o próximo capítulo da banda. Neste microsite, o trio de jazz delirante reflete sobre o seu percurso escrito nestes mais de dez anos de casamento.
Quando em 2012 André B. Silva, Filipe Louro e Pedro Melo Alves se juntaram para edificar as bases do que seria The Rite of Trio, nada anteciparia a viagem alucinante que seria este casamento a três.
Há doze anos, André, Filipe e Pedro eram estudantes de jazz da ESMAE à procura de refrescantes estímulos para a sua inata curiosidade musical. Conheciam-se, trocavam impressões, e marcaram os três presença na edição desse ano do 12 Points, festival itinerante de jazz experimental que, em 2012, ocorreu na Cidade Invicta. O estímulo foi tal que daí surgiu um convite de André aos seus camaradas: queria construir um novo som, disruptivo, que não ouvia à sua volta no Grande Porto.
“Foi uma grande lufada de ar fresco ver como podíamos pegar no que estávamos a estudar e colocar-nos num projeto que era estimulante para nós.”
- Pedro Melo Alves, baterista
“A ideia era aliar os nossos gostos e o nosso ímpeto criativo pessoal àquilo que estávamos a estudar.”
- André. B. Silva, guitarrista
André, Filipe e Pedro passaram os próximos dois anos a desenvolverem aquilo que seria o primeiro álbum da banda, Getting All The Evil of the Piston Collar!. O ruído freak desse disco surgiu de um misto entre o rasgo disruptivo do trio e os ensaios intensos das canções que estavam a compor para o álbum. O resultado da química musical entre estes três alienígenas do jazz? Algo que chamaram de jambacore.
“O início foi um rasgo disruptivo que abraçava a possibilidade de estarmos a fazer música meio freak. Em retrospetiva, era um rasgo meio adolescente, no melhor dos sentidos.”
- Pedro Melo Alves
“Jambacore é um dos muitos micro detalhes que fazem parte da banda e que partem de locais aleatórios e aos quais não nos agarramos profundamente.”
- André B. Silva
+ Keep Reading“Foi a nossa tentativa de dar um nome absurdo ao que estávamos a fazer porque não nos queríamos enjaular em nenhum conceito pré-existente. Não queríamos repetir fórmulas nem cânones.”
- Pedro Melo Alves
“Jambacore passou a fazer parte do nosso folclore. Nós os três temos uma espécie de código a falar. Se alguém ouvir uma conversa nossa, não perceberia nada, mas nós sabemos sobre o que estamos a falar.”
- Filipe Louro, baixista
- ResumePense-se no jambacore como um cruzamento entre rock progressivo, free jazz e punk rock. De acordo com Rui Eduardo Paes, os The Rite of Trio eram mestres dessa fusão – e tinha razão. Mas se o primeiro álbum de The Rite of Trio é marcado pelo tal rasgo adolescente, em luta constante entre anarquia e controlo e composição e rasgos de improviso, o segundo álbum do trio é outra história.
Sete anos após o álbum de estreia, surgiu Free Development of Delirium, um registo onde cada canção floresce a partir da que a precede. Se Getting All The Evil of the Piston Collar! era um adolescente revolucionário, Free Development of Delirium era o adulto controlado e educado, mas sem medo de tentar rasgar as vestes do sistema por dentro. O ímpeto criativo, contudo, não deixou de ser o mesmo. Os The Rite of Trio queriam na mesma criar um delírio coletivo, confuso (quem já viu um concerto deles, sabe), ruidoso. Um que faria Proudhon sorrir de aprovação.
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“Pensamos sempre como conseguimos manter a energia e inocência que nos levou a escrever a música do primeiro álbum, mas adequamos isso ao nosso crescimento enquanto pessoas. Isso foi um desafio muito grande e é por isso que as primeiras músicas foram escritas em 2013 e o segundo álbum é só de 2021.”
- André B. Silva
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“Gosto de sentir que tudo ainda é possível de ser feito e que as ideias mais estúpidas e parvas continuam a ser consideradas. Se cortarmos uma ideia cedo demais, cortamos possibilidades criativas.”
- Pedro Melo Alves
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“Ao longo de dez anos, a banda mudou esteticamente e conceptualmente porque isto vem de três pessoas que vão sendo coisas diferentes ao longo dos anos. E isso agrada-me muito. Perceber que o espírito aberto à possibilidade se mantém, mas as composições vão amadurecendo.”
- Pedro Melo Alves
Musicalmente, The Rite of Trio mudou ao longo deste casório. Tornaram-se melhores músicos, mais capazes de conjugarem o constante jogo de extremos presente na música do trio. De trio caótico em constante busca de um certo controlo, passaram a funcionar como uma orquestra estrepitosa capaz de memorizar o seu passado para erguer o seu presente e construir o seu próximo passo. E esse próximo passo já tem um nome: Amores Infinitos.
“Este concerto não é um lançamento de álbum, mas sim a celebração para a abertura de novo capítulo.”
- Filipe Louro
“Neste novo álbum, deixamo-nos ir nesse descontrolo, porque temos dez anos de confiança enquanto banda para trás e sabemos que eventualmente tomamos o controlo do que estamos a fazer.”
- Pedro Melo Alves
Além de ser esse o nome do espetáculo que vão trazer à Culturgest na noite das bruxas, Amores Infinitos é o nome do próximo álbum do trio. Entre a disciplina e o delírio, entre a confusão e o maravilhamento, a banda abre um novo capítulo na história da banda. Um com mais voz, mais eletrónica, mas não menos delírio. Não é uma apresentação de álbum, mas sim um vislumbre do futuro. Porque em The Rite of Trio, é a curiosidade por fazer algo de diferente que continua a tomar as rédeas da banda.
FICHA TÉCNICA
TEXTO
Miguel Rocha
IMAGENS
Renato Cruz Santos, Raquel Nunes
EDIÇÃO
Carolina Luz
REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina
DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo