DO COLETIVO NASCEM NOVOS SENTIDOS

Convidámos Capicua a falar sobre o seu processo de escrita e composição musical na companhia de um grupo de jovens entre os 15 e os 18 anos. Entre dezembro e abril juntaram-se semanalmente com o músico Luís Montenegro para escrever e compor músicas.
Catarina Trindade, Francisco Rocha, Laura Yokochi, Laura Whitehurst, Leonor Pais, Madalena Duarte, Mafalda Rolão, Manuel Barros, Mariana Duarte Silva, Rita Jesus dão-nos a conhecer o resultado do processo criativo numa apresentação que acontece a 12 de abril na Culturgest.
No microsite que dedicamos ao projeto desvandamos os bastidores de Três Tempos.

“O melhor momento foi escrever as minhas primeiras músicas.”

 

 

“A ansiedade antes da estreia. Mas o projeto está perfeito: dá-nos experiência e ajuda-nos a crescer.”

 

 

 

“Recomendaram-me na escola e já queria há algum tempo começar a escrever canções.”

 

 

“Gostava que houvesse mais sessões, com mais tempo. Mas não mudava a diversidade do grupo. Foi essa variedade que tornou tudo mais único e especial.”

 

 

 

“O pior? Decorar os textos, que é o mais desafiante para mim.”

 

 

 

“A música cativa-me e gosto muito de escrever.”

Uma experiência em Três Tempos 

A ideia é convidar jovens a olhar o mundo (quer de forma crítica, quer pelo viés poético) e concretizar em canções (na escrita de letras e na composição musical) o seu ponto de vista. O processo criativo decorreu em encontros semanais com Capicua e Luís Montenegro organizados entre dezembro de 2024 e abril de 2025, e obedeceu a duas fases de criação, começando pela escrita e passando à composição.

Com esta ação pretende-se criar uma plataforma para a expressão artística e o diálogo, destacando a importância da música como catalisadora de ligações significativas e transformadoras. Por isso, multiplica-se pelas cidades de Lisboa, Viseu e Braga nas quais um grupo semelhante passa por semelhante experiência cocriativa até à fase de apresentação a público. No final do processo de criação, e após a apresentação na sua cidade, os grupos viajam até Braga onde – para mútuo reconhecimento entre jovens e abrindo a oportunidade para nos repensarmos como sociedade multietária – fazem uma apresentação conjunta.

O título Três Tempos… fala-nos abertamente da estrutura diversa deste projeto: três cidades, três grupos de jovens, três instituições culturais a colaborar num único projeto que, também ele, se desdobra em três edições. Mas fala-nos também da imensa subjetividade com que o tempo, elemento essencial da criação musical, é vivido por cada participante: o tempo da aprendizagem, o tempo da descoberta, o tempo da amizade, o tempo da criação, o tempo do entusiasmo.

E se há algo que os testemunhos de quem integra o projeto nos diz de forma uníssona é que este projeto é muito mais do que escrever e cantar. É sobre ouvir, descobrir e construir de forma conjunta. É sobre encontrar a própria voz dentro do coletivo, aprender a usá-la e, mais tarde, perceber como oferecê-la ao coletivo em prol do espetáculo que agora se vai apresentar.

Acreditamos que este espetáculo está longe de ser um ponto final. É apenas uma vírgula num percurso que desejamos longo a cada participante, agora com ferramentas e memórias que provam ser possível criar coletivo, além das diferenças, dentro da igualdade das subjetividades, reunidos pelo desejo de criar, à boleia de inspirações maiores como foram as de Capicua e Luís Montenegro.

Por tudo isso, é este o convite que lançamos agora a público: um convite à escuta, à empatia e ao reconhecimento do valor das práticas artísticas participativas como espaços de mudança e criação de comunidade. Um convite a admirar o que podemos fazer em coletivo. Mas também um convite ao reconhecimento da generosidade da criação artística profissional que se presta a caleidoscópicos e incomensuráveis impactos nas nossas vidas.

 

Alinhamento

 
1. Refugiados e Guerra
2. Conforto dos Hábitos
3. Problemas Primeiro Mundo
4. Manifesto do Subestimado
5. Emigração Jovem
6. Violência Doméstica
7. Luto e Perda
8. Perspetivas
Acordo mais um dia
Acordo mas em vão
Sou só mais um peixe
Neste mar de imensidão

(Manifesto do Subestimado) 

 
Será melhor escolher o sonho ou a esperança?
O desconhecido ou o que é de confiança?
Será melhor deixar saudades e partir?
Ou ficar por cá e arrepender-me de não ir?

(Emigração Jovem)

 
Vazia, vazia, vazia
Tanta falta de alegria, poesia e escassez
Vazia, vazia, vazia
Daria tudo p’ra fazer tudo mais uma vez

(Manifesto do Subestimado)

 
E eu digo é só desgraças não vale a pena
Prefiro fazer scroll e esquecer os problemas
Prefiro acompanhar as tendências
Alterações climáticas? Parece a aula de ciências!

(Problemas de Primeiro Mundo)

 
Eu trabalho neste prédio
Onde só vivem ingratos
Que desprezam empregados
E endeusam os seus gatos

(Perspectivas)

TRÊS TEMPOS EM ENSAIOS

FICHA TÉCNICA

FOTOS
Beatriz Pequeno

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO DE CONTEÚDOS
Helena César

DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo