No âmbito do empréstimo da pintura Lisboa (1956) de Querubim Lapa (Portimão, Portugal, 1925 – Lisboa, Portugal, 2016) destaca-se esta obra pertencente à Coleção da Caixa Geral de Depósitos (CGD). A pintura integra a exposição Querubim Lapa: uma poética neorrealista, com curadoria de David Santos, no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira, entre 24 de junho e 29 de outubro de 2023.

Nascido em Portimão em 1925, Querubim Lapa matricula-se em 1942 na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa. Entre 1947 e 1950 estuda escultura na Escola Superior de Belas-Artes, em Lisboa e, posteriormente, no Porto, até 1953. Inicialmente a sua obra pictórica reflete as suas preocupações com o Neo-Realismo. Em 1954, dá início à sua atividade como ceramista na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, onde trabalha com elementos mais abstratizados e surrealizantes. Datada de 1956, a pintura Lisboa, adquirida pela CGD em 1985, parece estar num limbo entre três dimensões estéticas em simultâneo: Neo-Realismo, Abstracionismo e Surrealismo. Por um lado, através da simples e fria representação dos edifícios da cidade, a pintura parece aproximar-se das áridas superfícies pictóricas utilizadas pela dimensão do Neo-Realismo. A escassez de modelação e a economia de meios pictóricos denota uma relação com a ruralidade e com as lutas dos mais desfavorecidos da sociedade lisboeta. Por outro lado, a geometrização em cubos e paralelepípedos dos edifícios e as densas camadas de tinta da vegetação, aproximam a pintura de uma Abstração promissora. Por fim, a aproximação ao Surrealismo pode verificar-se nas delirantes formas lânguidas das árvores representadas.

O artista fez parte da fundação da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses em 1956. Contudo, o seu reconhecimento artístico está, sobretudo, associado ao seu importante trabalho em cerâmica, nomeadamente nos painéis públicos para: Centro Comercial do Restelo, Lisboa (1954); Reitoria da Universidade de Lisboa (1961); Avenida da Índia, Lisboa (1994); e Estação Bela Vista do Metropolitano de Lisboa (1998). Também realiza impressionantes obras cerâmicas para o espaço privado das: Hotel Ritz (final da década de 1950); Loja das Meias (1960); e Pastelaria Mexicana (1961), todas em Lisboa.

Em 2015, foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Morre a 2 de maio de 2016 em Lisboa.

Hugo Dinis

Querubim Lapa
Lisboa
1956
Óleo sobre tela
110 x 150 cm
Inv. 224442
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