No âmbito da divulgação da exposição O pequeno mundo, com curadoria de Sérgio Mah, destaca-se a gravura O sol, a força, a terra e o céu (1973) da artista Luisa Correia Pereira (Lisboa, 1945 - 2009). A exposição esteve patente no MACNA - Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, entre 1 de novembro de 2020 a 21 de fevereiro de 2021, e irá ser re-apresentada na Culturgest em Lisboa, a partir de outubro de 2021.

Luisa Correia Pereira desenvolveu uma obra notável e única de pinturas, desenhos e gravuras. Em 2003, a Fundação EDP, em colaboração com o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, realizou a exposição individual Fiat Lux: Paris-Lisboa. Em 2011, a Culturgest apresentou, na exposição A convocação de todos os seres,a obra gráfica, nomeadamente, gravuras em metal, linóleos, xilogravuras e monotipias, que a artista produziu entre 1971 a 1974, nos anos iniciais da sua prática artística em Paris, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian.

Ao longo do seu percurso artístico a artista revelou uma capacidade imaginativa invulgar na invenção de personagens, narrativas, situações, paisagens, entre outros elementos gráficos e pictóricos. Através de uma linguagem plástica, aparentemente, infantil e onírica a artista inventa formas fundamentais que criam uma espécie de alfabeto fantástico, que é revelador de significados delirantes. É neste sentido que a gravura O sol, a foça, a terra e o céu se insere. Os símbolos e as cores correspondem cada um dos conceitos do título, como se tratassem de um jogo lúdico em que se tenta identificar o indecifrável e vislumbrar o oculto. A tentativa de criar sentidos na informalidade do gesto dos desenhos é, talvez, o que mais se detém na obra de Luisa Correira Pereira, mas é na persistência desta dúvida que reside o profundo humor e loucura do mundo em que vivemos. Sem contrariar a liberdade que carateriza a obra da artista, no catálogo da exposição da Culturgest Gaëtan Lampo reforça que esta gravura revela “um maior domínio da qualidade de impressão, mas, acima de tudo, um equilíbrio ente linguagem formal e domínio técnico (sem sujeição daquele a este) e um apurado sentido de composição.” (p.29)

O curador Sérgio Mah refere no catálogo da exposição O pequeno mundo: “Por fim, temos um conjunto de gravuras em metal de Luisa Correia Pereira que elaboram uma cosmografia fascinante de seres, paisagens, vegetação, fenómenos meteorológicos. É um mundo bizarro, onde proliferam signos e símbolos que remetem para os universos da arqueologia, da astrologia e da magia, sendo difícil perceber se estamos perante resquícios de um mundo antigo e entretanto desaparecido ou os escassos sinais de uma terra alienígena por descobrir.”

 

Hugo Dinis

LUISA CORREIA PEREIRA
O sol, a força, a terra e o céu
1973
Água-forte e água-tinta, P.A.
Papel (32,5 x 48,3 cm) / Superfície impressa (19,7 x 30,6 cm)
Inv. 666560
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