NO LABIRINTO SENSORIAL
de Ângela Rocha

Em Metade dos Minutos a experiência é puramente sensorial.

Ângela Rocha apresenta uma instalação com materiais de diferentes origens que compõem um espaço onde o corpo se torna a peça central, numa experiência onde o toque e a sensibilidade são potenciados. 
Neste microsite damos os primeiros passos no labirinto sensorial de Ângela Rocha.

 

TACTO

tac-to | át | ou | áct | adjectivo ou nome masculino
(latim tactus, -us, de toque)

Do domínio da sensibilidade cutânea. Sentido que nos permite, através de todo o corpo, conhecer e perceber as características físicas de algo ou alguém. Sentimento delicado de cuidado, de nuances e de conveniência perante outros.

“Ideias e corpo, corpo que toca e é tocado – eis a exposição Metade dos minutos de Ângela Rocha, uma ode táctil ao tacto, uma ode que exige corpo e presença, corpo e atenção, corpo e é uma certa dádiva. Estar presente é aliás, a grande dádiva – tudo o resto são detalhes.”
 

 

“…não apenas a mão toca, o corpo inteiro é massa capaz de tocar e ser tocado. Podes também tocar, então, com a nuca com a boca com os olhos, até com as pálpebras, com os ouvidos e com as partes mais ou menos sexuais que o corpo tem – e tocar é sempre também ser tocado, como espelho, uma dupla imagem, um eco físico…”
 

 

“…o toque não é apenas para fazer iniciar movimentos, o toque não é apenas para fazer mexer as coisas, o toque por vezes segura alguém que quer fugir, aquieta alguém ou algo que está demasiado inquieto, e sim, eis o tacto: aquilo que dá prazer e dor, aquilo que põe em movimento e aquilo que pára.”

 

Excertos de Gonçalo M. Tavares – Uma ode ao corpo – texto e tacto – Catálogo Metade dos Minutos

As mãos por detrás da obra

Desenho cego esboço escritório, tinta da china e acrílico prateado, por Ângela Rocha.
Desenho cego esboço escritório, tinta da china e acrílico prateado, por Ângela Rocha.
Esboço perspetiva da instalação, grafite sobre papel, por Ângela Rocha.
Esboço perspetiva da instalação, grafite sobre papel, por Ângela Rocha.
Estudo de composição do labirinto, fibra óptica e tinta acrilica, por Angela Rocha. © Bruno Simão.
Estudo de composição do labirinto, fibra óptica e tinta acrilica, por Angela Rocha. © Bruno Simão.
Estudo de materiais de escritório, alfinetes de ferro, tecido licra e chapa de alumínio, por Ângela Rocha. © Bruno Simão.
Estudo de materiais de escritório, alfinetes de ferro, tecido licra e chapa de alumínio, por Ângela Rocha. © Bruno Simão.
Ilustração escritório, colagem e desenho com tinta acrilica, fita cola de alumínio e cartolina, por Ângela Rocha.
Ilustração escritório, colagem e desenho com tinta acrilica, fita cola de alumínio e cartolina, por Ângela Rocha.
Ilustração escritório, desenho a marcador sobre esboço digital, de Ângela Rocha.
Ilustração escritório, desenho a marcador sobre esboço digital, de Ângela Rocha.
Ilustração labirinto, tinta da china branca sobre cartolina preta, de Ângela Rocha.
Ilustração labirinto, tinta da china branca sobre cartolina preta, de Ângela Rocha.
Ilustração escritório, grafite sobre papel.
Ilustração escritório, grafite sobre papel.
Ilustração labirinto, tinta da china branca sobre cartolina preta, de Ângela Rocha.
Ilustração labirinto, tinta da china branca sobre cartolina preta, de Ângela Rocha.
Ilustração Metade dos Minutos, tinta da china, tinta acrilica, acetato, fita de alumínio, cartolina, linhas de costura, entre outros, de Ângela Rocha. © Bruno Simão.
Ilustração Metade dos Minutos, tinta da china, tinta acrilica, acetato, fita de alumínio, cartolina, linhas de costura, entre outros, de Ângela Rocha. © Bruno Simão.
Registo fotográfico da maqueta.
Registo fotográfico da maqueta.
Registo fotográfico da maqueta.
Registo fotográfico da maqueta.
> A instalação que Ângela Rocha traz à Culturgest é composta por materiais e sons de diferentes origens, criando um espaço onde o corpo se torna a peça central.
Conversámos com algumas pessoas que ajudaram a dar vida a este espaço de exploração sensorial e descobrimos as mãos que construíram esta obra única.

Ângela Rocha em discurso direto

 

Criar uma ideia é como um corpo a fazer a roda. Uma e outra vez, um movimento contínuo, mãos a serem pés por um bocadinho. Uma pessoa enquanto geradora de círculos sucessivos, vendo todas as perspetivas sobre si mesma.
Foram pelo menos 42 mãos que estiveram a dar corpo, peso e medidas à miragem que surge na ideia.
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A expressão manual sempre me interessou. Por um lado, existe um tempo muito próprio e requer uma presença física e de contacto. A ela se intui um processo de desacelerar, meditação e foco num tempo e lugar presente. Por outro lado, pelo enriquecimento de vocabulário gestual e expressivo que abarca. Dinamiza o corpo. Flexibiliza a amplitude da sua complexa e meticulosa engrenagem. Aprender uma técnica é participar numa conversa silenciosa. Seja a fazer redes de pesca ou a imprimir papel manualmente, estamos a ser expostos ao engenho humano e inevitavelmente a vestígios do pensamento que o serviu, a sua necessidade, a sua filosofia, praticidade e lógica.
Tomar contacto com uma arte do fazer é ler uma forma humana do sentir e do pensar.
Além da necessidade de dar voz ao corpo e enaltecer as mãos e o seu poder transformador e conector com o mundo e o tempo, tive duas grandes influências como guias desta construção.
1. Reversible Destiny Lofts or House Not to Die, da dupla Shusaku Arakawa (arquitecto) e Madeline Gin (poetisa). Na permanente consciência do corpo no espaço, onde quis, como se através de um gesto que vê, explorar texturas saturadas.
2. O escultor Isamu Naguchi, que na sua concepção de parques infantis privilegiou o potencial exploratório, permitindo a descoberta do lugar. Tentei da mesma forma que Metade dos Minutos fosse poroso, permeável a diversas leituras, que engajasse o visitante enquanto agente activo e decisor do que o rodeia.
- Resumir

“Lúdica, interativa, a exposição portuguesa convida à utilização de todos os sentidos. Experimentada em primeira mão, evoca a pura alegria de explorar um espaço desconhecido. Entrar nela é como entrar numa terra de sonhos”.

Declaração do júri no momento de entrega do prémio do público PQ KIDS.

© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
© Bruno Simão.
“A densidade de terminações nervosas nas nossas pontas dos dedos é enorme. A sua capacidade de diferenciação é quase tão boa como a dos nossos olhos. Se não estimularmos o uso dos dedos durante a infância ou juventude, tornamo-nos “cegos nos dedos”, esta rica rede de nervos é empobrecida – o que representa uma enorme perda para o cérebro e atrapalha o desenvolvimento do individuo como um todo. Esses danos podem ser comparados à própria cegueira. Talvez sejam piores, porque enquanto uma pessoa cega pode ser capaz de encontrar este ou aquele objeto, o cego dos dedos não consegue compreender o seu significado e valor intrínseco.”

 

– Neurofisiologista finlandês Matti Bergström

FICHA TÉCNICA

Comissariado e financiado pela Direção-Geral das Artes. Metade dos Minutos foi o projeto da Representação Oficial Portuguesa na 15.ª Quadrienal de Praga, o mais importante festival internacional de cenografia, onde foi galardoada com prémio do público, PQ Kids.

DIRETOR-GERAL DAS ARTES
Américo Rodrigues

SUBDIRETOR-GERAL DAS ARTES
Pedro Barbosa

DIRETOR DE SERVIÇOS DE APOIO ÀS ARTES
Francisco Esteves

GRUPO DE TRABALHO DA PQ23
Rui Teigão (coordenação), António Pinto, Cristina Guerra, Maria Messias

TEXTO
Gonçalo M. Tavares, Ângela Rocha, Matti Bergström

IMAGENS
Bruno Simão

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina

DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo

COMISSARIADO E FINANCIAMENTO