“Foi no coração dos glaciares e no meio dos vulcões, longe dos homens, das árvores, dos salmões e dos rios que o encontrei, ou que me ele me encontrou.”
Nastassja Martin
Em 2015, um encontro inesperado e violento entre a antropóloga Nastassja Martin e um urso deu lugar a um relato político sobre o embate entre o humano e o animal.
Nastassja vem à Culturgest para nos falar de como Acreditar nas Feras e partilhar o documentário Tvaïan que retrata a vida de Daria, a chefe do clã Evan, que decide voltar a habitar a floresta depois da queda da União Soviética. Neste microsite mergulhamos na experiência da antropóloga e contemplamos as diferentes possibilidades de reconciliação com a natureza.
“Acreditar nas Feras é uma obra singularmente poética, feita de esperas e de promessas: a espera da convalescença, nos hospitais da Rússia e de França, a promessa da Primavera, nas longas noites do Inverno siberiano. Mas, sobretudo, acima de tudo, é uma obra feita de regressos e de conciliações: de uma mulher com um animal feroz e com um mundo mais hostil ainda, e, principalmente, dessa mulher consigo própria e com os seus muitos fantasmas. Um belo livro para estes dias, enquanto o mundo se desmorona.”
António Araújo, Público
Sobre Nastassja Martin
Nastassja Martin (Grenoble, 1986) estudou Antropologia na École des hautes études en sciences sociales, onde completou a tese de doutoramento sob a orientação de Philippe Descola. Elegeu como áreas de estudo o animismo e as cosmologias do Extremo Norte, que atestam a perenidade de relações com a natureza desconhecidas da modernidade ocidental.
+ Continuar a LerRealizou trabalho de campo e viveu entre povos ameaçados pela exploração da terra e dos recursos minerais: os Gwich’in, no Alasca, e os Evenos, na península siberiana de Camecháteca, cujas línguas aprendeu. Entre glaciares e vulcões, ouviu o apelo da vida selvagem e desde então escreve «a respeito dos confins, da margem, da liminaridade, da zona fronteira, do entre‑dois‑mundos; acerca desse lugar tão especial onde assumimos o risco de nos alterarmos, de onde é difícil regressar». É autora, entre outras obras, de Les âmes sauvages — Face à l’Occident, la résistance d’un peuple d’Alaska (2016).
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