Das matinés em Niterói, Brasil, aos 12 anos, até aos palcos internacionais, o percurso de Bruno Beltrão enquanto coreógrafo é indissociável das suas raízes. Regressamos ao passado para descobrir toda a viagem do criador e do Grupo de Rua até aos dias de hoje.
Estilos de dança urbana no contexto do teatro conceptual e influências do hip-hop fazem parte da identidade do Grupo de Rua e das criações de Bruno Beltrão. Demarcam-se pelas paisagens coreográficas abstratas desconstruindo os estilos street dance e dança contemporânea, mas também por oscilarem entre extremos: mediação e fúria, suavidade, força, virtuosidade, reflexão.
Das ruas de Niterói para o mundo
A internacionalização da companhia começou em 2002. Desde então, o Grupo de Rua já apresentou criações em 33 países: Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Aústria, Suiça, Luxemburgo, Croácia, Finlância, Suécia, Itália, Escócia, Inglaterra, Singapura, Canadá, Argentina, Uruguai, Japão, Coreia do Sul, Marrocos, Egipto, Jordânia, Líbano, Tunísia, Siria, Chile, EUA, Noruega, Grécia e Hungria.
A criação do Eu e Meu Coreógrafo no 63 partiu da gravação de uma conversa informal com o bailarino Eduardo Hermanson num Hotel em São Paulo. A ideia de gravar o discurso sem o conhecimento prévio do bailarino serviu como motor à reflexão de Beltrão: É possível reconhecer alguém pela forma como dança? Os seus ideais são manifestados no modo como dança? Em 2002, o coreógrafo brasileiro estreou-se em Portugal com esta criação e com Do popping ao pop ou vice-versa, no Danças na Cidade.
Em 2010, o Grupo de Rua regressa ao Festival Alkantara com a criação H3. Um espetáculo que apresenta uma dualidade de uma coreografia minimal e uma tensão quase insuportável. Neste regresso a Portugal, já com uma carreira internacional consolidada, Bruno Beltrão voltou a "trazer a rua para o palco", com uma linguagem própria, em que os clichés da dança contemporânea e da dança de rua voltaram a ser questionados.
Em H2 o Grupo de Rua trabalhou "novas noções do espaço". Fazê-lo passou por brincar com a organização do hip-hop e desconstruir os preconceitos ligados ao mundo da dança. "O Grupo de Rua de Niterói reorganiza, de novo, o espaço e põe os preconceitos onde eles devem estar: fora de palco" (Jornal Público). A quinta criação do Grupo de Rua passou pelo Festival Alkantara em 2005, com apresentação no CCB.
A cidade - perto do Rio de Janeiro - que deu nome à criação foi onde o Grupo de Rua residiu e criou uma obra que explora a forma como a dança dialoga com as pessoas e o mundo em geral. O espetáculo que passou pela Culturgest em 2018 explorou em palco as ideias de comunidade temporária e a solidão crua. Inoah já tentava dar corpo às contradições violentas que dilaceram a sociedade brasileira e que a Nova Criação vem dar destaque.
FICHA TÉCNICA
Nova Criação
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Bruno Beltrão
ASSISTENTE DE DIREÇÃO
Gilson Cruz
COM
Wallyson Amorim, Camila Dias, Renann Fontoura, Eduardo Hermanson, Alci Junior, Silvia Kamyla, Ronielson Araújo ’Kapu’, Leonardo Laureano, Antonio Carlos Silva, Leandro Rodrigues
LUZ
Renato Machado
FIGURINOS
Marcelo Sommer
MÚSICA
Lucas Marcier / ARPX
EQUIPAMENTO ELÉTRICO
Sineir
CENÁRIO
Anderson Dias
PRODUÇÃO
Grupo de Rua
EM COLABORAÇÃO COM
Something Great
COPRODUÇÃO
Künstlerhaus Mousonturm, Festival d’Automne à Paris & Centquatre, Kunstenfestivaldesarts, Wiener Festwochen, SPRING Performing Arts Festival, Sadler Wells, Kampnagel, Onassis STEGI, Culturgest Lisboa, Teatro Municipal do Porto, Romaeuropa, Charleroi Danse, Le Maillon - Théâtre de Strasbourg, Cité Musicale-Metz
DIFUSÃO INTERNACIONAL
Something Great. Encomenda do Künstlerhaus Mousonturm no âmbito da German Alliance of International Production Houses
APOIO
Goethe Institut
APOIO MEDIA
Antena 2 e Rádio Futura
MICROSITE
FOTOGRAFIA
Wonge Bergmann, Karla Kalife
VÍDEO
Grupo de Rua
EDIÇÃO
Carolina Luz
REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina
DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo