A sociedade democrática permite-nos existir. Se vivêssemos no fascismo, os Mão Morta nunca teriam existido, pelo menos, tal como os conhecemos. Temos profunda consciência disso. Portanto, quando o que nos permite viver, o nosso habitat, está ameaçado, o nosso dever enquanto artistas é defendê-lo.
Adolfo Luxúria Canibal em entrevista ao Ípsilon
"Para nós, nunca fez qualquer sentido comemorar datas e olhar para o passado. Nunca o fizemos. Sempre que há uma comemoração de datas, pensamos que é um motivo para criar alguma coisa nova. Aqui, conciliavam-se os nossos 40 anos com os 50 anos do 25 de Abril. Portanto, foi uma forma de dizermos “presente” numa altura em esta ameaça do retorno do fascismo é uma ameaça palpável. Achámos que era um dever cívico da nossa parte. É um dever de qualquer trabalhador do espírito, de qualquer artista, dizer “presente” numa altura destas."
Adolfo Luxúria Canibal em entrevista ao Ípsilon
Sentíamos que era urgente falar de uma temática que começa a ser perigosa, não só em Portugal, mas em todo o mundo democrático, que é esta ameaça latente da extrema direita e do regresso do fascismo, seja qual for a aceção que queiramos atribuir ao termo. Quisemos olhar para o lado ideológico do fascismo, fazer-lhe uma espécie de psicanálise do que são as suas traves mestras, do que é esta pulsão de morte que lhe está inerente, que é a sua principal matriz ideológica. E queríamos que essa interpretação deste perigo iminente do fascismo tivesse um lado mais sério, mais sapiente, mais científico, chamemos-lhe assim. Desde logo, propusemos que houvesse, paralelamente a este espetáculo de palco, uma conferência com especialistas, com historiadores que soubessem do que estavam a falar e que nos ajudassem a compreender e a pensar este fenómeno do ressurgimento do fascismo e das ideias fascistas. Musicalmente, isso levou-vos para uma sonoridade que evoca o 25 de Abril.
Adolfo Luxúria Canibal em entrevista à Agenda Cultural de Lisboa
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