ETERNO RETORNO
DO FASCISMO?

A sociedade democrática permite-nos existir. Se vivêssemos no fascismo, os Mão Morta nunca teriam existido, pelo menos, tal como os conhecemos. Temos profunda consciência disso. Portanto, quando o que nos permite viver, o nosso habitat, está ameaçado, o nosso dever enquanto artistas é defendê-lo.

 

Adolfo Luxúria Canibal em entrevista ao Ípsilon

50 anos
de 25 de Abril
e os 40 de Mão Morta

Números redondos, que se entreolham, já que sem a Revolução dos Cravos a banda de Braga, tal como a conhecemos, jamais existiria. Celebramos os Mão Morta com um concerto que marca o lançamento de um novo álbum e uma conversa em torno do conceito do fascismo.

Nem bom-dia, boa-tarde, viva ou olá 
Em vez disso um seco viva la muerte! 
A lembrar que a vida é vale de lágrimas 
E que o reino dos céus só co’a morte virá  

Sonhamos todos com um mundo de prazer bom 
O fim da fome atroz que faz de nós um ser vil 
A liberdade enfim de se poder dizer não  
A vida é mar de dor, pois então viva la Muerte! 
Viva La Muerte! - Mão Morta
"Para nós, nunca fez qualquer sentido comemorar datas e olhar para o passado. Nunca o fizemos. Sempre que há uma comemoração de datas, pensamos que é um motivo para criar alguma coisa nova. Aqui, conciliavam-se os nossos 40 anos com os 50 anos do 25 de Abril. Portanto, foi uma forma de dizermos “presente” numa altura em esta ameaça do retorno do fascismo é uma ameaça palpável. Achámos que era um dever cívico da nossa parte. É um dever de qualquer trabalhador do espírito, de qualquer artista, dizer “presente” numa altura destas."

Adolfo Luxúria Canibal em entrevista ao Ípsilon

© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
© Lais Pereira - Theatro Circo.
Sentíamos que era urgente falar de uma temática que começa a ser perigosa, não só em Portugal, mas em todo o mundo democrático, que é esta ameaça latente da extrema direita e do regresso do fascismo, seja qual for a aceção que queiramos atribuir ao termo. Quisemos olhar para o lado ideológico do fascismo, fazer-lhe uma espécie de psicanálise do que são as suas traves mestras, do que é esta pulsão de morte que lhe está inerente, que é a sua principal matriz ideológica. E queríamos que essa interpretação deste perigo iminente do fascismo tivesse um lado mais sério, mais sapiente, mais científico, chamemos-lhe assim. Desde logo, propusemos que houvesse, paralelamente a este espetáculo de palco, uma conferência com especialistas, com historiadores que soubessem do que estavam a falar e que nos ajudassem a compreender e a pensar este fenómeno do ressurgimento do fascismo e das ideias fascistas. Musicalmente, isso levou-vos para uma sonoridade que evoca o 25 de Abril.

Adolfo Luxúria Canibal em entrevista à Agenda Cultural de Lisboa

O Projeto Invisível #8
A revista sonora da Culturgest

O termo "fascista" tem sido usado de forma, muitas vezes, abrangente e imprecisa, para descrever desde uma pessoa autoritária até um governo que impõe restrições de saúde pública... incongruências que inquietam Mão Morta. O que realmente significa falar de fascismo, hoje? Quais são as suas características, os seus perigos explícitos e implícitos, e como se relacionam com as democracias liberais atuais? Essas questões são o foco da reflexão proposta por Adolfo Luxúria Canibal e Miguel Pedro, dos Mão Morta, que, com a companhia de Luís Trindade e Sílvia Correia, se propõem aprofundar a discussão sobre o fascismo no debate “Do Fascismo à Extrema-direita e Vice-versa”. Convidámos Adolfo Luxúria Canibal para mergulhar no livro “O Eterno Retorno do Fascismo”, de Rob Riemen, e ler um excerto. Vamos ouvir.

 

FICHA TÉCNICA

FOTOS
Lais Pereira - Theatro Circo

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina

DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo