O MONSTRO QUE
VOS FALA

“Eu sou o monstro que vos fala. O monstro que foi construído pelos vossos discursos e práticas clínicas. Eu sou o monstro que se levanta do divã e toma a palavra, não tanto como paciente, mas como cidadão, como um igual monstruoso.”

Paul B. Preciado

"Devo, então, começar a respeitar a opinião do outro sexo, embora me pareça monstruosa? Se uso saias, se não posso nadar, se tenho de ser salva por um marinheiro, Deus Meu!" gritou, "que hei-de fazer?!" E com isso entristeceu."

Virginia Woolf

Género, excesso e aceleração.

A performance da autoria de Paul B. Preciado Eu Sou o Monstro que vos Fala desdobra-se em infinitos temas que concentramos n'A Noite das Ideias. Um programa de conversas, curtas e uma instalação culinária para pensarmos em conjunto o género, mas também a acumulação e o excesso como regras que parecem ditar o mundo em que vivemos.
Neste microsite exploramos as ideias do filósofo e ativista e damos a conhecer o programa em que estendemos os seus temas de reflexão.

Sexualidade, corpo e género

Paul B. Preciado

O Projeto Invisível #5 

> A Culturgest apresenta Eu Sou o Monstro que Vos Fala, do filósofo e ativista Paul B. Preciado. Um discurso estreado perante 3500 psicanalistas, agora interpretado por cinco vozes em palco, para denunciar a violência que a psiquiatria e a psicologia exercem sobre corpos não heteronormativos.
Recuperamos parte de uma entrevista concedida por Paul B. Preciado à Betevê, canal televisivo de Barcelona, em 2018.

Uma revolução urgente

Paul B. Preciado

Quem são os "Orlandos" de hoje?

Preciado diz não precisar de escrever uma biografia sua, porque Virgínia Woolf já o fez, em 1928, quando escreveu Orlando. Um século depois, Paul B. Preciado mostra em filme 25 personagens que encarnam Orlando, a personagem fictícia criada pela escritora Inglesa. Na tela vemos imagens de arquivo sobre a vida de pessoas trans em meados do século XX. 
Orlando: My Political Biography invoca os "verdadeiros Orlandos" na luta pelo reconhecimento e visibilidade e tem ante-estreia nacional a 3 de outubro, na BoCA - Bienal de Artes Contemporâneas.
"A mudança parecia ter-se produzido sem sofrimento e completamente, e de tal modo que o próprio Orlando parecia não estranhar. Muita gente, à vista disso, e sustentando que a mudança de sexo é contra a natureza, esforçou-se em provar 1.º) que Orlando sempre tinha sido mulher; 2.º) que Orlando é, neste momento, homem. Decidam-no biólogos e psicólogos. A nós, basta-nos expor o simples facto; Orlando foi homem até aos trinta anos; nessa ocasião, tornou-se mulher, e assim ficou daí por diante."

Excerto de Orlando (1928), de Virgínia Woolf.

Trailer Orlando, My Political Biography 

A Noite das Ideias
mais tempo para mais reflexões

"Mais" foi o advérbio escolhido para definir os campos de debate d'A Noite das Ideias. Serve para apontar uma série de sintomas do nosso tempo: do excesso de desinformação, ao excesso de estímulos, ao excesso de velocidade.  O “mais” que se coloca no fim da sigla LGBTQI+, também serve de mote para debate, enquanto símbolo da proliferação e da potencialidade de expansão das categorias do género. Duas conversas distintas, mas que partem do fio condutor da reflexão da performance da autoria de Preciado.

Programa A Noite das Ideias

Performance x Conferências e Debates x
PAUL B. PRECIADO
Eu Sou o Monstro que Vos Fala
17:00
Auditório Emílio Rui Vilar

O Sabor da Noite - Instalação Culinária de NaMesa 
Foyer do Auditório Emílio Rui Vilar
19:00

Conferências e Debates x
SINZIANA RAVINI, P. FEIJÓ, CLÁUDIA VAREJÃO
O Género: Plural, Escandalosamente Plural
20:00
Auditório Emílio Rui Vilar

Em discussão nesta mesa-redonda está o sinal + (ou não fosse ele uma eloquente tradução do “Mais?” que preside tematicamente a toda esta edição de A Noite das Ideias) que aparece no fim da sigla LGBTQI+, que tem sido sujeita a uma progressiva ampliação. Esta força expansiva do género que o leva em direção de territórios por nomear faz dele uma potência sempre apta a perturbar limites e fronteiras, a mostrar-se ostensivamente e, desse modo, a causar escândalo. 

Conferências e Debates x Cinema x
L'ÉLOGE DE LA LENTEUR
Coleção de vídeos do CNAP (Centre National des Arts Plastiques)
Edith Sekyndt, Michel François et Superflex
+
LAURENT DE SUTTER, JERÔME LÈBRE, CARLA BAPTISTA
A Grande Escalada da Aceleração e da Velocidade 
22:00
Pequeno Auditório

Desde os seus primórdios, o cinema experimental a-cinema fez do espaço fílmico o próprio espaço de exposição das coisas, no modo do enigma da lentidão e da duração, inventando uma terceira via cinematográfica, entre o documentário e a ficção. A projeção das curtas-metragens The Working Life (Superflex, 2013), Déjà vu (Hallu) (Michel François, 2003), Provisory Object 02 A is hotter than B (Edith Dekyndt, 2000 e 2005), trabalha a lentidão, os ritmos corporais, os gestos do trabalho improdutivo, fazendo também uma apologia do ócio. 

A conversa A Grande Escalada da Aceleração e da Velocidade, que se segue, incide no aumento progressivo da velocidade. A lei da aceleração só prevê o seu contrário, a desaceleração, sob a forma de um desastre colossal. Mas, observando a irreversibilidade da aceleração como o maior desastre, a desaceleração é uma hipótese salvífica. É, por isso, pertinente discutir a velocidade como fenómeno hipertélico, sem esquecer o Manifesto Aceleracionista (Inglaterra, 2013).

FICHA TÉCNICA

FOTOGRAFIA
Cody Chan, Hin Bong Yeung, Clem Onojeghuo

SOM
Excerto sonoro do filme de Gus Van Sant com Alessandro Michele

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO CONTEÚDOS
Catarina Medina

DESIGN E WEBSITE
Studio Maria João Macedo & Queo

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