Gabriela Albergaria (Vale de Cambra, 1965) tem vindo a desenvolver um percurso centrado sobre as questões da relação com a natureza e a forma como a representamos.
A exposição A Natureza Detesta Linhas Retas é a primeira exposição antológica da artista, percorrendo os últimos 16 anos do seu trabalho, nos vários suportes que tem vindo a utilizar, desde a escultura, ao desenho, passando pela fotografia e pela produção de múltiplos.
A questão central que a exposição apresenta é a da zona de fronteira e conflito entre a Natureza e o processo moderno da sua apropriação e dominação, que a artista trata a partir de várias situações que recorrem à história das migrações das espécies, a sua utilização cultural e económica e, por fim, a sua violenta exploração.
O campo de trabalho e pesquisa de Gabriela Albergaria tem sido a Paisagem entendida como construção humana, organização estética, económica e sociocultural do território, não só marcada historicamente, mas também investida de sentidos políticos.
O exemplo dos jardins está sempre presente, sobretudo porque, fazendo parte da nossa forma urbana de contacto com o natural, são de facto zonas complexas de negociação entre o desenho da sua arquitetura e as necessidades lúdicas, científicas ou celebratórias que presidiram à sua edificação. Tendo vindo a constituir um dos campos de pesquisa mais importantes para Gabriela Albergaria, os jardins encontram-se permanentemente aludidos nas obras híbridas e simbióticas, em escultura e desenho, presentes nas várias salas da exposição.
Para além da reconstituição de algumas obras centrais do seu percurso, como Árvore, 2004/2020 – uma acácia reconfigurada na sua morfologia – ou Couche Sourde, 2010/2020 – um monólito aparentemente minimal construído com terra segundo metodologias oriundas da botânica e aludidas no título – , a exposição apresenta uma sala temática dedicada à viagem e pesquisa efetuada pela artista na Amazónia, bem como uma sala de desenho dedicada ao Redwood National Park, parque florestal norte-americano onde proliferam algumas das espécies mais marcantes da américa do norte.
A exposição A Natureza Detesta Linhas Retas é, portanto, não só uma reflexão crítica sobre a nossa relação com o natural, mas também sobre a forma como encaramos a representação da natureza e do seu tempo em nós.
Interessa-me a natureza quando ela se torna cultura, quando é intervencionada pelo homem.
FICHA TÉCNICA
PROGRAMAÇÃO DE ARTES VISUAIS
Bruno Marchand
CURADORIA
Delfim Sardo
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Mário Valente
PRODUÇÃO
Sílvia Gomes
Fernando Teixeira
MONTAGEM
Pedro Canoilas
Pedro Palma
Xavier Ovídio
João Nora
João Cerdeira
Fabrício Soares
Michael Bennett
O nosso agradecimento especial às instituições e coleções particulares que cederam obras e permitiram a realização desta exposição:
Coleção Figueiredo Ribeiro – Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes
Galeria Vera Cortês, Lisboa
Galeria Vermelho, São Paulo
Museu de Arte Contemporânea de Elvas – Coleção António Cachola
Sapar Contemporary, Nova Iorque
Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa