Chasing Contradictions
Em 2023, Ricardo Toscano e a Culturgest celebram 30 anos. Combinámos por isso fazer a festa em conjunto com dois concertos: um para relembrar uma obra emblemática da história do jazz - with strings, de Charlie Parker - noutro para perseguir contradições e atingir novos horizontes em tempo real - Chasing Contradictions, o mais recente álbum de Toscano com Romeu Tristão e João Pereira.
Neste microsite começamos a percorrer as cordas que Charlie Parker, num gesto de audácia, juntou ao saxofone num tempo entre 1948 e 1950.
No palco vemos Ricardo Toscano a interpretar um marco da história do jazz com a Orquestra de Câmara Portuguesa, acompanhados pelo maestro Pedro Moreira. Para, logo no dia seguinte, nos apresentar novos caminhos que trilhou em Chasing Contradictions.
Ricardo Toscano With Strings
Nos últimos anos têm surgido várias recriações do Charlie Parker With Strings, incluindo uma por Charlie Watts, o baterista dos Rolling Stones. No 30.º aniversário da Culturgest ouviremos Ricardo Toscano – também ele a cumprir 30 anos – e a sua visão desta música. Numa encomenda da Culturgest, estaremos em primeira mão a assistir ao saxofonista como o seu quarteto e a Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida por Pedro Moreira a pegar num material delicadíssimo.
Quando Ricardo Toscano apareceu a tocar em quarteto (com Diogo Duque no trompete, Romeu Tristão no contrabaixo e João Lopes Pereira na bateria), parecia(m) demasiado novo(s) para tocar tão bem. Falavam todos perfeitamente a língua do hardbop e tocavam-no com uma alegria e viço que nos encantou.
+ Continuar a LerO grupo entregava-se àqueles temas com o coração nos dedos e uma técnica adulta procurando, em cada concerto, um ângulo novo, uma interpretação distinta. O bop foi o primeiro amor de Toscano, entrando pelos seus dois primeiros discos (“Ricardo Toscano Quarteto” e “Chasing Contradictions”) desabridamente.
Procurou tocar todas as noites nos mais diversos locais de Lisboa, mantendo uma ética de trabalho virtuosa. Aprofundou – praticando, vendo, lendo, ouvindo, colaborando - a sua cultura jazzística e as músicas que o movem. Cruzou descomplexadamente fronteiras entre o jazz certo e o jazz errado, aceitando as mais variadas colaborações, desafiando-se a procurar propósitos para uma música que não pode viver musealizada.
E é nesta perspetiva, de ir ouvir a mestria de um músico que conhece profundamente a tradição, mas que continua a querer encontrar novos caminhos, que a proposta da Culturgest nos deixa duplamente curiosos. Para avançar, Toscano vai recuar e vamos querer estar lá, para o ouvir - 64 anos depois – avivar este património.
Num segundo momento voltará no formato habitual, com o seu trio de sempre e com Chasing Contraditions, o disco lançado no final do ano passado que, de algum modo, parece fechar um capítulo e lançar o saxofonista para outros mundos. É difícil dizer hoje quem lidera este trio com João Pereira e Romeu Tristão a terem um papel igualmente fundamental, e uma forma de tocar singular. Cada vez que é tocada ao vivo, Chasing Contradictions muda. Não sei se será o esconjuro do título, mas o facto é que os três músicos desfazem o LEGO, separam todas as peças e montam-no outra vez. Sempre diferente, sempre bonito.
- ResumirOrquestra de Câmara Portuguesa
Na sua génese está a rotatividade, tocar em pé e de memória, a consciência corporal. A OCP inclui repertório contemporâneo em praticamente todos os seus concertos, tendo abordado jazz e improvisação diversas vezes, mais recentemente em 2022 com uma colaboração e estreia de uma nova suite sinfónica de Shai Maestro e quarteto, criada para a OCP e estreada no Festival Internacional de Música da Póvoa do Varzim.
A OCP recriou obras que incluem cocriação e improvisação dos seus músicos, de criadores como Frederic Rzewski (versão orquestral de “Coming together) e uma recriação de “Schraffur”, de Fritz Hauser, ambas sob a supervisão dos compositores.
Mais recentemente, a Jovem Orquestra Portuguesa (uma iniciativa OCP) realizou um concerto com a música de Joseph Haydn e os improvisadores Josep-Maria Balanyà, Carlos "Zingaro", José Bruno Parrinha e Ulrich Mitzlaff, numa extraordinária ponte musical entre o sec. XVIII e os dias de hoje!
FICHA TÉCNICA
FOTOGRAFIA
Joana Linda
VÍDEO
Rui Xavier
TEXTO
Gonçalo Falcão
EDIÇÃO
Carolina Luz
REVISÃO CONTEÚDOS
Catarina Medina
DESIGN E WEBSITE
Studio Maria João Macedo & Queo