O livro Calibã e a Bruxa resulta do que podemos chamar de um trabalho em andamento iniciado na década de 1970 que terminou com a sua publicação em 2004. Agora, em 2020, com o surgimento da extrema direita e o crescente discurso de ódio contra os migrantes e os movimentos anti-racistas e feministas, o que poderia ser acrescentado às linhas que escreveu nessa época?
Como viu as recentes manifestações nos EUA e todo o movimento #BlackLivesMatter que se espalhou por todo o mundo e como relaciona isso com movimentos anteriores de resistência ao poder desde o final da Idade Média até os anos 1970?
SILVIA FEDERICI EM DISCURSO DIRETO
Com a eleição de Donald Trump em 2016 o discurso misógino foi de alguma forma legitimado, apesar do movimento #MeToo, porque os cidadãos norte-americanos acabaram por escolher um presidente com uma atitude machista em detrimento do que poderia ter sido a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, Hillary Clinton. Em breve haverá eleições nos Estados Unidos, o que acha que pode acontecer em geral caso haja uma mudança no poder e Joe Biden vença ou caso o poder seja mantido por Donald Trump? E acha que se Joe Biden for eleito, haverá mudanças na política e na sociedade ou o status quo será mantido em grande parte?
O movimento feminista ganhou imensa força nos últimos 100 anos, mas muitas coisas ainda estão por fazer e temos visto um aumento de movimentos pentecostais e pró-vida que querem reverter muitas das suas conquistas. O que acha que ainda precisa ser feito dentro do movimento feminista e que estratégias poderiam ser adotadas para lutar contra esses movimentos?
Calibã e a Bruxa, editado pela Orfeu Negro é um ensaio centrado na transição do feudalismo para o capitalismo e na concomitante caça às bruxas e expansão colonial, descreve-nos uma longa história de exploração e resistência. A partir de uma vasta pesquisa iconográfica e documental, Silvia Federici revela como o despontar do capitalismo exigiu um ataque genocida às mulheres, a aniquilação das revoltas camponesas, o tráfico de escravos e a expropriação de terras e saberes comuns. Uma obra incontornável, dedicada aos corpos rebeldes dos subalternos – aqui personificados pelas figuras de Calibã e da Bruxa –, cujas vozes continuam a ressoar nos protestos contra a violência original ainda em curso.
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