“Não sabem quem eu sou, mas de algum modo, indiretamente, foram afetados por coisas que fiz.”
Cineasta, músico e iconoclasta, Tony Conrad (1940–2016) foi umas dessas figuras raras capazes de, ao mesmo tempo, ser um expoente máximo da arte contemporânea e um desconhecido do público mais vasto.
Tony Conrad forjou o seu próprio caminho com inovação sem paralelo nas artes visuais, filme e vídeo, desafiando persistentemente os limites das disciplinas artísticas.
No decurso da sua vida, este artista, músico e professor americano deu um contributo discreto, mas essencial, num vasto espectro de disciplinas culturais, do rock à televisão pública. A sua influência pode ainda hoje ser reconhecida no conjunto de uma obra idiossincrática, que desafia classificações, e que funde a crítica radical e um humor de espírito único.
Do Som ao Filme
Tendo escolhido deliberadamente viver à margem dos movimentos artísticos convencionais, Conrad pôs-se à disposição de imensas conjunturas artísticas marginais. Passou da música ao cinema experimental. O filme The Flicker, 1966, contestou tanto o filme como meio, como a passividade do espectador, atraindo a adulação instantânea dos devotos do filme estrutural. O filme intercala fotogramas em preto e em branco, originando efeitos óticos fantásticos para muitos espectadores.
Conrad levou a outro nível de experimentação a sua exploração do filme enquanto meio, “cozinhando” o celuloide virgem de várias maneiras: frito, assado, marinado ou como sukiyaki. Ao invés de visionados em tela, os resultados foram vistos em frascos de preservação (1973-1974).
Yellow Movies, 1972-1973, a sua série paralela, combinou as experiências baseadas em filme com a sua obsessão pela longa duração (explorada uma década antes na esfera da música). Uma pintura em branco barato brilhante foi aplicada em papel plano de embalagem do tamanho de telas de cinema, desenhadas para amarelecer com o tempo. Os intermináveis Yellow Movies foram uma reação à longa-metragem Empire, 1964 (485’), de Warhol. Ao definir os monocromos como “filmes”, Conrad estendeu o âmbito da sua crítica do cinema à pintura.
Em finais dos anos 70, princípio dos anos 80, Conrad lecionou na Califórnia, onde conheceu e trabalhou com Mike Kelley e Tony Oursler, com quem fez dois filmes e instalações abordando os temas da autoridade e vigilância, como parte de uma crítica aos media e à tecnologia. Panopticon, 1988, a sua maior instalação, foi feita na imediação desses projetos.
FICHA TÉCNICA
EXPOSIÇÃO
CURADOR
Balthazar Lovay
PROGRAMADOR ARTES VISUAIS
Bruno Marchand
DIRETOR DE PRODUÇÃO
Mário Valente
PRODUÇÃO
Sílvia Gomes
Fernando Teixeira
ESTAGIÁRIO
João Reis
MONTAGEM
Fabrício Soares
Justin Amrhein
Michael Bennett
Pedro Palma
Xavier Ovídeo
CONSERVAÇÃO
Maria Manuel Conceição
Maria Marrinhas
Isabel Zarazúa
AGRADECIMENTOS
The Estate of Tony Conrad
Greene Naftali Gallery
Galerie Buchholz
Pogo Teatro
Bruno Cecílio
APOIO MEDIA
Antena 3
Rádio Futura
Esta exposição é um prolongamento da retrospetiva realizada em 2018-2019 na Albright-Knox Art Gallery, em Buffalo, Nova Iorque, e foi produzida em colaboração com o MAMCO (Genebra, Suíça) e o Kölnischer Kunstverein (Colónia, Alemanha).
MICROSITE
EDIÇÃO
Inês Bernardo
TRADUÇÃO
Paula Tavares dos Santos
REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina
IMAGENS CEDIDAS PELO CURADOR
Balthazar Lovay
DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo