Num dia excessivamente nítido,
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito
Para nele não trabalhar nada,
Entrevi, como uma estrada por entre as árvores,
O que talvez seja o Grande Segredo,
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam.
Vi que não há Natureza,
Que Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há árvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras,
Mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
É uma doença das nossas ideias.
A Natureza é partes sem um todo.
Isto e talvez o tal mistério de que falam.
XL, O Guardador de Rebanhos. Poemas de Alberto Caeiro.
A rede Terra Batida organiza anualmente programas de residência artística para que artistas, cientistas e ativistas se cruzem no acompanhamento de conflitos socioambientais. Destes programas, emergem pesquisas e propostas artísticas compartilhadas publicamente através de conversas, performances, experiências, textos, caminhadas, etc.. Estudar de perto a hegemonia e a monocultura da violência ecológica através de processos artísticos, é também uma forma de nutrir sensibilidades biodiversas e eticamente vinculadas ao turbilhão de problemas que muites têm chamado de Antropoceno. A partir da experiência enquanto responsável pela curadoria do projeto e pela moderação da conversa que segue à sessão de visionamento de Composer les mondes, falámos com Rita Natálio sobre o filme, o trabalho desenvolvido na Terra Batida e a visão da antropologia comparativa das relações entre humanos e não-humanos desenvolvida por Descola.
FICHA TÉCNICA
FOTOGRAFIA
Amigos Ice Cream Productions.
EDIÇÃO
Carolina Luz
REVISÃO CONTEÚDOS
Helena César
DESIGN E WEBSITE
Studio Maria João Macedo & Queo