As suítes para violoncelo de Johann Sebastian Bach são consideradas um marco na história da música ocidental. Os elementos intelectuais e arquitetónicos da partitura continuam a ter um apelo contemporâneo, com a sua vitalidade rítmica e complexidade melódica. A afinidade de Anne Teresa De Keersmaeker com Bach já era aparente em criações anteriores. Nesta produção, a coreógrafa continua a perseguir uma escrita coreográfica que captura a essência da linguagem musical de Bach. A partitura, executada pelo violoncelista de renome mundial Jean-Guihen Queyras, é interpretada e “desafiada” por três bailarinos e duas bailarinas, entre as quais a própria coreógrafa. Desta fascinante simbiose de música e dança, emergem as seis suítes na sua individualidade e na riqueza das suas interconexões.

Entre janeiro e março, a companhia de dança Rosas apresenta duas coreografias de Anne Teresa De Keersmaeker com música de Johann Sebastian Bach, na Fundação Gulbenkian e na Culturgest. Em ambos os casos, a música é interpretada ao vivo por músicos da primeira ordem: o violoncelista Jean-Guihen Queyras interpreta os Seis Cello Suites na primeira peça, enquanto o pianista Pavel Kolesnikov toca as Variações Goldberg na segunda. Uma oportunidade única de ouvir e, de certa forma, “ver” alguma da música mais bela alguma vez escrita.