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A dança solo existe? (sobre a relação)
A dança solo existe? (sobre a relação)
Uma conversa sobre dança, solos e improvisação que junta a coreógrafa e improvisadora portuguesa Vera Mantero e Romain Bigé, co-curador da exposição Esboços de Técnicas Interiores.
Partimos da seguinte citação de Paxton: “A dança solo não existe: o bailarino dança com o chão: acrescente outro bailarino e terá um quarteto: cada bailarino um com o outro e cada um com o chão.” Martha Graham disse que nunca se dança sozinho: há sempre pelo menos um parceiro ausente. Também as danças de Paxton são estudos de parceiros: em solo, descobrem-se companheiros ocultos como gravidade, música, memórias; em duetos (em especial com a parceira de sempre Lisa Nelson), investigam-se estratégias para renovar o encontro. Como cultivar o desconhecimento do seu parceiro para lhe dar espaço? Que outros (humanos e não-humanos) podem ser convidados a dançar e como cuidamos deles?
Durante as conversas, os participantes poderão ainda visitar a exposição Esboços de Técnicas Interiores.
Programa completo Quatro Leituras a partir de Paxton
BIOGRAFIA
Vera Mantero estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Uruguai, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura. Desde 2000 dedica-se também ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e cocriando projetos de música experimental. Em 1999 a Culturgest organizou uma retrospetiva do seu trabalho até à data, intitulada Mês de Março, Mês de Vera. Representou Portugal na 26.ª Bienal de São Paulo 2004, com Comer o coração, criado em parceria com Rui Chafes. Em 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura) e em 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.
30 MAI 2019
QUI 18:30
Entrada gratuita*
Duração 90 min
* Entrada gratuita, sujeita à lotação e mediante levantamento de bilhete no dia a partir das 18:00
Em português e inglês
Ciclo Steve Paxton
Coreógrafo, bailarino e improvisador norte-americano, Steve Paxton (1939) tem moldado continuamente a face da dança nas últimas seis décadas. Tendo iniciado a sua carreira nos anos 1950, Paxton dançou com José Limon e Merce Cunningham, foi um dos fundadores do Judson Dance Theatre, fonte de criações coletivas que lançaram as raízes da dança pós-moderna, e do coletivo de improvisação nova-iorquino Grand Union. Inventou duas técnicas – Contact Improvisation (Contacto-Improvisação) e Material for the Spine (Material para a Coluna) –, e cruzou-se com artistas plásticos (como Robert Rauschenberg), tornando-se também marcante para o universo das artes visuais. Tudo isto enquanto escrevia extensamente sobre movimento (mais de cem artigos desde 1970) e atuava em espetáculos de dança improvisada por todo o mundo.
O seu trabalho tem vindo a influenciar coreógrafos e bailarinos, muitas vezes ao ponto de se perder a origem de algumas das suas pesquisas: a análise e integração de movimentos quotidianos (como caminhar), a importância do tato, do peso e do equilíbrio e a abertura ao corpo não-técnico.
Em Portugal, o pensamento de Steve Paxton e do Judson Dance Theatre tiveram uma influência decisiva em muitos dos integrantes da chamada Nova Dança Portuguesa, que partilhavam, em vários aspetos, as suas inquietações sobre a relação entre a arte e o quotidiano.
Partindo desta perspetiva, a Culturgest apresenta o ciclo Steve Paxton que tem como elemento central uma exposição com curadoria de Romain Bigé e de João Fiadeiro e a apresentação de algumas performances históricas em palco. O programa Paxton não se esgota aqui. A transversalidade do seu trabalho traduz-se ainda numa série de cinco conferências (a primeira das quais com o próprio Paxton), três workshops sobre Contacto-Improvisação, Material para a Coluna e a relação entre dança e pensamento, o envolvimento de escolas e a ativação do espaço expositivo numa arena performativa.
Relação com escolas de dança
No contexto da exposição de Steve Paxton, e com o objetivo de assegurar que a obra de um dos filósofos-criadores mais influentes da História da Dança não passe despercebida, a Culturgest contactou algumas escolas de dança e centros de investigação em Lisboa. Assim se desenhou uma colaboração que terá início com uma série de colóquios-demonstrações sobre o legado de Steve Paxton que os curadores da exposição, Romain Bigé e João Fiadeiro, apresentarão em cada escola/centro associado. De modo a proporcionar um aprofundamento individual do trabalho de Paxton, esta acção prosseguirá com uma presença contínua e participada de estudantes (com livre trânsito) nas galerias da Culturgest. Por último, as escolas/ centros foram encorajadas a deslocar temporariamente para as galerias algumas das suas actividades de modo a que o espaço expositivo fique povoado por praticantes e investigadores.
Escolas e centros associados
c-e-m. centro em movimento
CI LX jam
Escola Superior de Dança
Escola Superior de Teatro e cinema
FOR - Formação Olga Roriz
Forum Dança
Faculdade de Motricidade Humana
CURADORIA E MODERAÇÃO
João Fiadeiro, Romain Bigé e Liliana Coutinho
COM
Vera Mantero