Arte Como Forma de Resistência

Arte Como Forma de Resistência

Dino D’Santiago, Ananya Jahanara Kabir, Roberto Francavilla

Arte Como Forma de Resistência

Dino D’Santiago, Ananya Jahanara Kabir, Roberto Francavilla

Moderação: Francesca Negro

O termo crioulização refere-se a culturas originadas pelo encontro inesperado de diferentes povos em espaços compactos, sob dinâmicas de poder desiguais. Negociação, compromisso, resistência, colaboração, inovação e improvisação caracterizam os processos de troca que se seguirão. No livro Poétique de la Relation, Édouard Glissant propôs que olhássemos estes processos como a criação de mundos, que se geram através de relações de interdependência e que representam novos equilíbrios e etapas socioculturais. A poética de Glissant tem como base a ideia do ser não como entidade absoluta e terminada, mas como produto e criador de relações: essência que une e conecta pessoas. Ao contrário de uma identidade que tem o seu modelo na ideia platónica do Um, Glissant propõe uma identidade de tipo rizomático, que contempla a existência de raízes múltiplas e onde reside a real riqueza do ser.

Com base nestes conceitos pretende-se refletir sobre o papel das artes como forma de resistência, coexistência, enraizamento e afiliação cultural.

© Renato Cruz Santos.

02 JUN 2025
SEG 19:00

Garantir lugar
Pequeno Auditório
Entrada gratuita*
Duração 2h

*mediante pré-inscrição ou levantamento de bilhete 15 min. antes (sujeito à lotação da sala).

No dia do evento, as pré-inscrições que não forem levantadas são disponibilizadas 15 min. antes do início do mesmo.

Em inglês e português.

BIOGRAFIAS

Ananya Jahanara Kabir

Professora de Literatura Inglesa no King’s College London, Ananya Jahanara Kabir pesquisa a intersecção do texto escrito com outras formas de expressão cultural em atos de memorialização e esquecimento coletivos. Através de uma bolsa avançada do ERC (2013-2018), liderou ‘Modern Moves’, uma investigação interdisciplinar sobre dança social e música de herança africana. Pelo seu trabalho inovador na área das humanidades, recebeu o Prêmio Infosys Humanidades (2018), concedido pela Infosys Science Foundation, Índia, e o Humboldt Forschungspreis (Prêmio Humboldt, 2018), concedido pela Alexander von Humboldt Stiftung, Alemanha. Atualmente dedica-se à escrita duma nova monografia: “Alegropolitics: Connecting on the Afromodern Dance Floor”. Os seus mais recentes projetos de pesquisa exploram ainda mais profundamente os conceitos de crioulização transoceânica através da produção cultural nos mundos do Atlântico e do Oceano Índico. Trabalha movendo-se entre idiomas e gêneros e desde longa data interessa-se pelo papel do prazer na flexibilização das políticas de produção cultural desde o período medieval ao pós-colonial.

 

Dino de Santiago

Cantor e compositor musical. Alcançou o sucesso com uma produção inteiramente virada pela valorização das suas origens culturais cabo-verdianas. A sua produção alcança uma visibilidade e um sucesso internacional com o álbum Kriola, em 2020, recebendo os elogios da revista Rolling Stone, da Complex e da Folha de São Paulo, o prémio EMT EMA na categoria de Best Portuguese act em Portugal e três prémios Play Vodafone para Melhor Album, melhor canção e melhor artista masculino.

Fundador do projecto Lisboa Criola, em 2021 foi considerado uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes pela MIPAD (Most Influential People of African Descent) e em 2023 uma das 50 figuras que podem vir a definir o futuro de Portugal.
Dino D’Santiago é também um ativista pelas causas sociais sendo participante em vários projectos pela equidade e igualdade social.

O governo português atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural “em reconhecimento pelo contributo dado à criação musical em língua portuguesa e à sua projeção no mundo”. Foi destacado pela revista Forbes como figura Vozes da Lusofonia 2023 no domínio cultural pelo seu desempenho para uma maior igualdade e diálogo cultural entre os povos da língua portuguesa.

 

Francesca Negro

Investigadora independente em Literatura Comparada e Artes Performativas. Trabalhou na Universidade de Lisboa como Professora Convidada de Estudos Inter Artísticos e Comunicação Intercultural, é autora do livro Deuses em Cena. A teatralização das danças religiosas de origem africana em Cuba (Colibrí, 2019), e editora e co-editora dos volumes Público/Privado. O deslizar de uma fronteira (Húmus, 2015) Marcel Proust em Busca da Arte (Húmus, 2023). É também bailarina e as suas pesquisas mais recentes estão relacionadas com as formas orais e corporais de memorialismo e novas leituras do Mediterrâneo como lugar de crioulização cultural.

 

Roberto Francavilla

Roberto Francavilla é professor de Literatura Portuguesa e Brasileira na Universidade de Gênova. Foi também professor da Universidade de Siena e visiting professor da Universidade de Macau e da UNESP em São Paulo. É editor da Igarapé - coleção de estudos sobre as Américas - coeditor de Da Ocidental Praia (coleção de poesia portuguesa), membro fundador da AISPEB (Associação Italiana de Studos portugueses e brasileiros), da Jacaranda (Associazione de estudos Brasileiros) e do CRIAR (Centro Interuniversitário sobre as Américas Românicas). 

Tradutor de Fernando Pessoa, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, José Cardoso Pires, Chico Buarque, Hilda Hilst, Gonçalo M. Tavares entre outros. Dá seminários regulares sobre a teoria e a prática da tradução literária. Escreveu livros e artigos nas áreas da Literatura Portuguesa e Comparada, com especial atenção à análise das relações entre literatura, censura e poder político, literatura e memória, e ainda com particular atenção à relação entre literatura e música. O seu último ensaio intitula-se Quel che il mare non vuole – Letteratura e paesaggio in Portogallo (2023) e o seu último livro é a edição italiana de No reino da Dinamarca de Alexandre O’Neill.

Foi organizador do volume sobre as literaturas africanas de língua portuguesa - Le letterature africane in lingua portoghese -, do projeto de tradução Chão de Oferta de Ruy Duarte de Carvalho, autor da introdução do volume La parola africana, já em 1998, e também coordenador da antologia de poetas cabo-verdianos: Isole di poesia, em 1999. Foi um dos primeiros a difundir a cultura africana de língua portuguesa na Itália e a incluí-la nos programas universitários, contribuindo para a legitimação das culturas africanas de língua portuguesa dentro das instituições educativas. 

No campo criativo é autor dos projetos Hotel Sodade e Abri os olhos e não havia nada (com o fotografo Filippo Romano). Publicou muito recentemente o romance Città Senza demoni, uma anímica identificação com a figura de Clarice Lispector, e uma reconstrução literária de uma parte da vida da autora ucraniano-brasileira.

Apoio

Antena 3

Organização

Centro de Estudos comparatistas, FLUL – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Mesa Redonda integrada no projeto Islands Of Resistance – Intersecting Artes and Cultures in the Oceans apoiado pelo King's College London

Partilhar Facebook / Twitter