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Achille Mbembe
Achille Mbembe
Nas últimas semanas, a forma como nos podemos mover no mundo alterou-se radicalmente. As fronteiras que antes eram de Uniões ou de Estados, ergueram-se e aproximaram-se da nossa região, da nossa cidade, da nossa rua ou mesmo da nossa casa. A mobilidade que muitos de nós — principalmente quem vive num país europeu — tinha como garantida, ficou em suspenso. Poderemos agora, a partir de uma nova perspetiva trazida por esta experiência, considerar as várias dimensões da mobilidade mundial, a sua história de inclusão, mas as suas muitas histórias de exclusão sobre quem tem podido, efetivamente, habitar ou não este planeta.
Para um mundo sem fronteiras foi o tema da conferência que o historiador camaronês Achille Mbembe apresentou na Culturgest em outubro de 2018 e que retomamos agora. Para além da escuta deste estimulante debate, propomos também um texto escrito pelo autor e publicado no portal Buala: O direito universal à respiração, uma defesa do direito a respirar em tempos de pandemia mas também um alerta acerca do dever de “recompormos uma Terra habitável”. A questão fica lançada: “Seremos capazes de redescobrir a nossa pertença à mesma espécie e o nosso inquebrável vínculo à totalidade do vivo? Talvez esta seja a derradeira questão, antes que a porta se feche para sempre.”
Leia o texto completo no site da Buala
Achille Mbembe (Camarões, 1957) é professor de História e Política no Wits Institute for Social and Economic Research da Universidade de Witwatersrand (Joanesburgo, África do Sul) e em Harvard. Doutorado em História e Política (Universidade de Paris I-Panthéon Sorbonne e Instituto de Estudos Políticos em Paris), ensinou em Berkeley, Columbia e Yale. É membro da Academia Americana de Artes e Ciências e dirigiu o Council for the Development of Social Science Research in Africa, em Dakar (Senegal). Nesta cidade cocriou, em 2016, Les Ateliers de la Pensée, um espaço de debate vital e de encontro entre pensadores, académicos e artistas, do continente africano e suas diásporas.
Um importante pensador no campo da teoria crítica, da história, da estética e da filosofia política, tem trabalhado extensivamente sobre a teoria pós-colonial e a política africana. Das suas publicações destacam-se On the Postcolony, Crítica da Razão Negra (prémio literário Geschwister Scholl, 2015), Políticas da Inimizade e Brutalisme (2020). Em 2018, foi galardoado com os prémios Ernest Bloch e Gerda Henkel.
27 MAR
– 23 JUL 2020