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É hora de tentar a anarquia? (sobre a improvisação coletiva)
É hora de tentar a anarquia? (sobre a improvisação coletiva)
Uma conversa sobre a dança como laboratório político que junta a antropóloga Rita Natálio e Romain Bigé, co-curador da exposição Esboços de Técnicas Interiores.
Partimos da seguinte citação de Paxton: “É hora de tentar novamente a anarquia. Pelo menos, a anarquia é simples: requer apenas condições especiais de comunicação.” Steve Paxton contribuiu para fundar o Judson Dance Theatre, o coletivo Grand Union e a técnica Contacto Improvisação, três aventuras que questionaram as hierarquias da dança, entre gestos (virtuosismo ou quotidiano), bailarinos, coreógrafos e performers. Estes coletivos testaram formas experimentais de tomada de decisão, esforçaram-se por suspender normas de género, tentaram evitar a recuperação capitalista e levantam a questão: dançar pode tornar-se um laboratório político?
Durante as conversas, os participantes poderão ainda visitar a exposição Esboços de Técnicas Interiores.
Programa completo Quatro Leituras a partir de Paxton
25 JUN 2019
TER 18:30
Entrada gratuita*
Duração 90 min
* Entrada gratuita, sujeita à lotação e mediante levantamento de bilhete no dia a partir das 18:00
Em português e inglês
Ciclo Steve Paxton
Coreógrafo, bailarino e improvisador norte-americano, Steve Paxton (1939) tem moldado continuamente a face da dança nas últimas seis décadas. Tendo iniciado a sua carreira nos anos 1950, Paxton dançou com José Limon e Merce Cunningham, foi um dos fundadores do Judson Dance Theatre, fonte de criações coletivas que lançaram as raízes da dança pós-moderna, e do coletivo de improvisação nova-iorquino Grand Union. Inventou duas técnicas – Contact Improvisation (Contacto-Improvisação) e Material for the Spine (Material para a Coluna) –, e cruzou-se com artistas plásticos (como Robert Rauschenberg), tornando-se também marcante para o universo das artes visuais. Tudo isto enquanto escrevia extensamente sobre movimento (mais de cem artigos desde 1970) e atuava em espetáculos de dança improvisada por todo o mundo.
O seu trabalho tem vindo a influenciar coreógrafos e bailarinos, muitas vezes ao ponto de se perder a origem de algumas das suas pesquisas: a análise e integração de movimentos quotidianos (como caminhar), a importância do tato, do peso e do equilíbrio e a abertura ao corpo não-técnico.
Em Portugal, o pensamento de Steve Paxton e do Judson Dance Theatre tiveram uma influência decisiva em muitos dos integrantes da chamada Nova Dança Portuguesa, que partilhavam, em vários aspetos, as suas inquietações sobre a relação entre a arte e o quotidiano.
Partindo desta perspetiva, a Culturgest apresenta o ciclo Steve Paxton que tem como elemento central uma exposição com curadoria de Romain Bigé e de João Fiadeiro e a apresentação de algumas performances históricas em palco. O programa Paxton não se esgota aqui. A transversalidade do seu trabalho traduz-se ainda numa série de cinco conferências (a primeira das quais com o próprio Paxton), três workshops sobre Contacto-Improvisação, Material para a Coluna e a relação entre dança e pensamento, o envolvimento de escolas e a ativação do espaço expositivo numa arena performativa.
Relação com escolas de dança
No contexto da exposição de Steve Paxton, e com o objetivo de assegurar que a obra de um dos filósofos-criadores mais influentes da História da Dança não passe despercebida, a Culturgest contactou algumas escolas de dança e centros de investigação em Lisboa. Assim se desenhou uma colaboração que terá início com uma série de colóquios-demonstrações sobre o legado de Steve Paxton que os curadores da exposição, Romain Bigé e João Fiadeiro, apresentarão em cada escola/centro associado. De modo a proporcionar um aprofundamento individual do trabalho de Paxton, esta acção prosseguirá com uma presença contínua e participada de estudantes (com livre trânsito) nas galerias da Culturgest. Por último, as escolas/ centros foram encorajadas a deslocar temporariamente para as galerias algumas das suas actividades de modo a que o espaço expositivo fique povoado por praticantes e investigadores.
Escolas e centros associados
c-e-m. centro em movimento
CI LX jam
Escola Superior de Dança
Escola Superior de Teatro e cinema
FOR - Formação Olga Roriz
Forum Dança
Faculdade de Motricidade Humana
Biografia
Rita Natálio nasceu em Lisboa em 1983. É atualmente doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH-UNL e Antropologia na FFLCH-USP, com bolsa FCT, onde pesquisa o recente debate sobre Antropoceno e o seu impacto sobre a redefinição disciplinar das relações entre arte, política e ecologia, particularmente no caso do cinema indígena e da etnografia contemporânea. Estudou Artes do Espetáculo Coreográfico na Universidade de Paris 8 e é mestre em Psicologia pela PUC-SP onde estudou a obra de Gabriel Tarde sobre imitação e invenção aplicada às redes sociotécnicas contemporâneas. A sua atividade principal centra-se nas áreas da poesia, ensaio, dramaturgia e performance. Interessa-se pelo formato conferência-performance, apresentando as suas propostas ora em contextos académicos ora em contextos artísticos.
CURADORIA E MODERAÇÃO
João Fiadeiro, Romain Bigé e Liliana Coutinho
COM
Rita Natálio