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Tecer o tempo
Tecer o tempo
Ler um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa. Se a sociedade é feita de pessoas, podemos dizer então que a literatura pode mudar o mundo. O escritor malgaxe Raharimanana e o antropólogo e arquiteto do Togo, Sénamé Koffi Agbodjinou pegam no poder transformador de contar histórias e tentam refazer o tecido social de um mundo desfeito por séculos de conflitos e exploração, através da escrita.
Acompanhamos as ideias e as pequenas revoluções criadas pelos nossos convidados a partir de três pontos de vista: a literatura como forma de convocar o encontro entre múltiplos mundos e de reparar o tecido social despedaçado pelo processo colonizador em África (Raharimanana) e a partilha dos resultados da prática urbanística high-tech tornada acessível a todos e do impacto das crenças ancestrais na organização das aldeias (Agbodjinou).
02 DEZ 2020
QUA 16:00
Live streaming das conferências no Facebook e Youtube da Culturgest.
Versão original em francês e versão com tradução para português.
Duração 2h
Em francês com tradução simultânea
Por motivos de força maior, a escritora Leonora Miano não poderá participar e a conferência vai ser realizada apenas online.
Jean Luc Raharimanana biografia
Jean Luc Raharimanana (1967, Antananarivo, Madagáscar) é escritor, poeta, dramaturgo, ator e músico. Deixou o seu país com 22 anos, depois de uma peça de teatro sua ter sido interdita, e instalou-se em França. A peça O Profeta e o Presidente recebeu o Prémio Tchicaya U'tamsi do Teatro Inter-Africano em 1990. Após um período de estudos na Sorbonne e no Instituto de Línguas e Civilizações Orientais, foi jornalista antes de ser professor. Raharimanana abandona tudo para se dedicar a literatura sem moderação. Atacar-se as palavras e amassar o seu significado até que a sua musicalidade penetre nas profundezas do leitor, torna-se a sua principal preocupação. É autor de vários livros de ficção e de poesia, com os quais recebeu várias distinções literárias, entre eles Nour 1947 (2003) sobre a história dos movimentos de insurgência contra colonial que teve lugar em 1947, em Madagáscar; Rêves sous le linceu [Sonhos sob a mortalha], escrito no rescaldo de Nour 1947 mas marcado também pelas imagens do genocídio do Ruanda, da guerra jugoslava e pela leitura dos textos Las Casas acerca do extermínio dos indígenas e da escravatura, recebeu o Grand Prix littéraire de Madagascar, 1996; Les cauchemars du gecko [Os pesadelos da lagartixa], Prémio de poesia da ilha de Ouessant, 2011 e Revenir [Voltar], Premio Jacques Lacarrière, 2018. Os seus livros estão traduzidos em alemão, italiano, espanhol e inglês. Autor de inúmeras peças teatrais e contos musicais, Raharimanana traz os seus textos para o palco, fundando, em 2014, a companhia SoaZara, reunindo dramaturgos, músicos, videastas e bailarinos. Em 2019, as suas peças Les cauchemars du Gecko, 47 e Excuses et dires liminaires de Za, encenadas por Thierry Bedard, e uma exposição de fotografia Retratos de Insurgentes, foram apresentadas no Festival de Avignon. Em 2019, escreve o argumento do filme ZahoZay sobre a experiência do sistema prisional malgaxe, selecionado para competição no FIDMarseille 2020 – 31.º Festival internacional de Cinema de Marselha e La Viennale 2020 – Festival Internacional de Cinema de Viena.
Sénamé Koffi Agbodjinou biografia
Sénamé Koffi Agbodjinou (1980, Lomé, Togo) é arquiteto e antropólogo de formação, empresário e curador de exposições. Depois de uma longa experiência na construção humanitária, funda L’Africaine d’architecture, uma plataforma de investigação e experimentação sobre as questões da arquitetura e das cidades africanas. Através desta plataforma é proposta uma alternativa arquitetural que valoriza os cânones de organização espacial e da habitação ancoradas no território africano e os recursos do “cru”. Em 2006, foi mestre de obra da Escola Tammari, um complexo escolar para 200 crianças realizadas em terra crua e recorrendo a técnicas mistas com a população e os construtores tamberma (Togo do norte, Património Mundial da Unesco).
Koffi Agbodjinou age também no âmbito do digital, defendendo um “vernacular numérico” que surge de um paralelismo encontrado entre uma ética Hacker e os valores de sociedades tradicionais africanas. Criou o conceito de LowHighTech para sublinhar esta proximidade entre cultura tradicional e culturas digitais e encetar uma serie de ações que procuram implicar as camadas mais modestas da população. Fundou e dirige WoeLabs, Espaços Africanos de Democracia Tecnológica, uma rede de tech-hubs togolesa, cuja ambição é tornar todos os cidadãos iguais face à tecnologia, no âmbito da qual lançou várias empresas partilhadas do Grupo HubCity-Silicon Village, e criou a Woebots-Wafate, a primeira impressora 3D africana construída com lixo informático.
Como artista, Sénamé expôs no ZKM, em Karlsrue (Alemanha) e na Bienal de Arquitetura de Veneza 2020. Como curador, concebeu as exposições #LowHighTech D. Xperience, na escola de Design de Pforzheim e LOME+, no Palácio das Artes de Lomé. Colaborou ainda com o pavilhão alemão de arquitetura da Bienal de Arquitetura de Veneza. Bolseiro, depois 2017, do programa de empreendedores sociais da Fundação Ashoka.
Integrado na Bienal BoCA
Com o apoio
Parceria
Festival Plumes d’Afrique (Tours, França) e Réseau Afrique 37
Apoio
Institut Français de Paris