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JOÃO PENALVA
JOÃO PENALVA
Assobiar está para a distração como o rabiscar está para o aborrecimento: são ações que fazemos sem dar conta, que sinalizam uma espécie de consciência ao ralenti. Em 1997, João Penalva subverteu esta relação e fez do assobio o instrumento de uma obra que lhe exigiu toda a atenção e comprometimento: assobiar a totalidade de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky. Com trinta minutos de duração, esta composição ficou célebre pela impetuosidade rítmica e pela complexidade das suas estruturas harmónica e melódica. O desafio que Penalva se colocou impôs um exercício de alta performatividade, da ordem daqueles que levou a cabo durante a sua carreira de bailarino profissional, nos anos 1970. O resultado é um misto entre a proeza épica e a experiência subtil, entre a ativação de uma memória coletiva e um exemplo extremo da abnegação do intérprete. Para ouvir, durante os fins de semana do Inside Out (dias 1, 2, 8 e 9 de julho), ao longo da arcada sul do edifício da Caixa Geral de Depósitos.