Foi um acaso do destino — ou talvez não? — que o nome tenha moldado a vida sinuosa de Memória de Peixe, o projeto do guitarrista Miguel Nicolau. Primeiro, com o disco de estreia, com Nuno Oliveira; depois, mudanças, em duo com Marco Franco; por ora, nova formação, novas possibilidades, com Pedro Melo Alves e Filipe Louro. Mas nada destas transformações perturbaram o rumo de Miguel Nicolau em levar a sua música até às últimas consequências, navegando em trajetória angulosa e aventureira por entre pop-rock instrumental de espírito fluído, mas rigoroso, consciente das suas capacidades de improvisação. Sabendo que a ousadia nem sempre é recompensada, Memória de Peixe provaram-nos sempre o contrário desde a sua estreia, em 2011: concertos míticos, fronteiras ultrapassadas, presenças em grandes festivais, inúmeros elogios, nomeações e prémios pela imprensa nacional e estrangeira. Nada irá mudar nesta terceira encarnação porque III, após anos de preparação, é um oásis florescente de ideias, de formas majestosas e sensuais, com ficção acessível e exigente que nos sugere mundos paralelos e estranhas coincidências. E como não lhes falta imaginação, prometem um concerto único para todos os sentidos no nosso palco, na correta medida da sua frenética ambição.