Um concerto de comemoração. De várias comemorações. A mais imediata e mediática é os 30 anos de carreira dos Necks. Uma vida muito longa na música, em que a atitude do jazz foi sempre o grande tronco vertical da sua criação, conduzindo a inspiradora seiva a Tony Buck, Chris Abrahams e Lloyd Swanton. Se do jazz vem a atitude e a capacidade de escuta, as restantes raízes estendem-se pelas profundidades: há rigor erudito, vénia aos rituais, procura do minimalismo, a exumação da energia krautrock por vezes, e sempre uma procura constante de experimentar e arriscar novos caminhos.

Habituados a modificar a genética da sua música, os Necks surpreendem-nos porque querem surpreendem-se a eles próprios. Relembramos como este trio funciona: zero ensaios, preparações ou discussões, nenhum plano antes de subirem ao palco e começarem a tocar. É assim brilhantemente há 30 anos. Cada sessão é diferente, fruto de toda a magia que pode influenciar as musas dos três australianos. A sua discografia mostra isso mesmo: vinte álbuns magistrais e infalíveis que retratam alguns desses momentos como fotografias sonoras de uma vida cheia de acontecimentos empolgantes.

Esta noite, num duplo concerto, duas peças completam o seu currículo e presenteiam o público. Agradeceremos entusiasticamente.