OLHAR PARA O CHÃO
OLHAR PARA O CHÃO
Regina Guimarães e Saguenail terão filmado os passeios de cimento do Porto como ninguém. No gesto de virar a câmara para o chão (ou nos gestos de filmar telhas como ondas, varandas como proas ou postes como mastros), observar e pensar são inseparáveis na obra multimental da dupla de cineastas do Porto. Com três pequenos filmes raros em exibição na Sala de Cinema temporária da exposição O Chão é Lava!, Regina Guimarães e Saguenail juntam-se para uma conversa com Daniel Barroca e Nuno Lisboa a partir das imagens e dos sons de uma cidade imaginada como uma viagem marítima, um imenso museu colonial, ou a história do cinema inteira em poucos metros de passeio.
Programa
16:00
Exibição dos filmes Caderno do Passeio de Cimento (Regina Guimarães, 2017), Promises to Keep (Saguenail, 1981) e Pouca-terra (Saguenail, 1983).
17:00
Conversa com Regina Guimarães, Saguenail e Daniel Barroca, com moderação de Nuno Lisboa
11 JAN 2025
SÁB 16:00
Entrada gratuita
BIOGRAFIAS
Serge Abramovici aka Saguenail. Paris, 1955
Foi docente na UM, na ESMAE, na ESAP e na FLUP, ensinando língua e cultura francesas, pedagogia, literatura e cinema. Autor de uma vasta bibliografia (entre ensaios universitários e poesia, passando pela narrativa curta, pelo teatro e pela crítica) e filmografia (que inclui ficções e documentários), tem vindo a interrogar os códigos literários, cinematográficos e sociais. Fundou a revista de cinema A Grande Ilusão e é membro da associação Os Filhos de Lumière. Orientou o seminário anual cinÉMOTION na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. De 2002 a 2013, foi programador e animador do ciclo anual O Sabor do Cinema, no Museu de Serralves, e desde 2015 do ciclo Nove e meia integrado no projeto Cultura em expansão da Câmara Municipal do Porto. Concebeu e orienta o curso semestral de crítica cinematográfica, A Forja, no Batalha, Centro de Cinema. Tem orientado comunidades de leitores em variados contextos. É membro-fundador do Centro Mário Dionísio/Casa da Achada. Vive e trabalha com Regina Guimarães desde 1975. Hélastre é o signo da sua obra comum, visitável online, em: helastre.wordpress.com.
Regina Guimarães aka Corbe. Porto, 1957
A par dos seus poemas, publicados em edições de natureza quase confidencial, desenvolve trabalho nas áreas do Teatro, da Tradução, da Canção, da Educação pela Arte, da Crítica, do Vídeo, do Argumento, da Produção, do Cinema de Animação. Foi docente na FLUP, na ESMAE, na ESAD. Foi diretora da revista A Grande Ilusão. Fundadora e Presidente da Associação Os Filhos de Lumière. Programou o ciclo sazonal O Sabor do Cinema no Museu de Serralves. Integra a equipa do Nove e Meia, cineclube nómada. Atualmente co-programa o ciclo O Saber do Cinema, escola do espectador, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira. É co-fundadora da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio. Com Ana Deus, criou a banda Três Tristes Tigres, entre outras aventuras. Empreendeu inúmeras experiências em torno da palavra dita e cantada. Tem vindo a realizar uma extensa obra videográfica sob a forma de «Cadernos» que foi alvo de algumas retrospectivas. Organiza desde 2007 a Leitura Furiosa Porto. Tem orientado oficinas de escrita e de iniciação ao cinema em variados contextos. Nos últimos anos, a sua actividade como argumentista e dramaturga tem-se intensificado, bem como a colaboração com cineastas de animação. Aspira a estar onde haja uma luta justa a travar. Vive e trabalha com Saguenail desde 1975. Hélastre é o signo da sua obra comum, visitável online, em: helastre.wordpress.com.
Hélastre
Nascida do encontro amoroso de duas pessoas e de dois mundos, a Hélastre é o nome que, nos idos de 75, os dois amadores escolheram para designar o lugar de origem das suas obras, fossem elas assinadas por um só ou por ambos, fossem elas filmes, livros ou outros objectos produzidos livremente. A legalização da Hélastre ocorreu já nos anos 90, na sequência de um desastre de produção a partir do qual Regina Guimarães e Saguenail decidiram renunciar totalmente aos modos de produção instituídos, romper com as formas de hierarquia que os caracterizam.
A Hélastre não é apenas uma casa de produção fora do sistema ou uma editora pirata. Não são apenas filmes, livros, canções, instalações, projecções, programações, oficinas, colaborações. São também da Hélastre todos os gestos investidos por Regina Guimarães e Saguenail no sentido de fazer existir objectos artísticos e artesanais de difícil concretização, de sua lavra ou de autoria alheia. São da Hélastre todos os esforços de acrescentar mundos ao possível e possíveis ao mundo. São da Hélastre todas as tentativas de mostrar os trabalhos de outros criadores.
Recusando o sistema da propriedade que tudo pretende reger (inclusive o trabalho intelectual), Regina Guimarães e Saguenail decidiram disponibilizar gratuitamente, a partir dum site na internet, tudo quanto de suas obras é passível de ser assim tornado público.