Este evento já decorreu.
P.E.D.R.A.
P.E.D.R.A.
Vera Mantero encerra o ciclo P.E.D.R.A. num encontro online e em direto. Para assistir nas redes sociais da Culturgest, Teatro Municipal do Porto e Teatro Viriato.
P.E.D.R.A é um projeto pensado e criado com o objetivo de estimular o conhecimento e a participação de jovens na dança contemporânea, realizado em colaboração e coprodução entre a Culturgest, o Teatro Municipal do Porto e o Teatro Viriato.
Durante três anos, entre 2018 e 2020, três coreógrafos nacionais de renome foram convidados a partilhar o seu repertório com cerca de 40 jovens entre os 15 e os 18 anos, com e sem experiência de dança, em três cidades. A coreógrafa convidada da primeira edição foi Clara Andermatt e a cidade anfitriã o Porto. O coreógrafo convidado da segunda edição foi Francisco Camacho e a cidade anfitriã Viseu. Na terceira e última edição, a coreógrafa convidada foi Vera Mantero e a cidade anfitriã Lisboa.
Devido à pandemia COVID-19, o evento que marca o encerramento do projeto passa a ser online e nacional, seguida de uma conversa com Vera Mantero, os coreógrafos de cada cidade e os participantes, moderada por Pedro Santos Guerreiro.
Entre dezembro e abril, os grupos das três cidades reuniram-se em encontros semanais para trabalhar a partir da linguagem desses coreógrafos, num exercício de cocriação e reinterpretação do repertório selecionado. Ampliando os impactos sociais do projeto e beneficiando do potencial mediador da criação artística participada, os três grupos encontraram-se em residência e em convívio, motivados por uma apresentação pública dos três exercícios de dança que fecha, a cada ano, um ciclo.
14 JUN
– 23 JUL 2020
Publicação
Folha de sala edição 2019
Vera Mantero sobre P.E.D.R.A.
Gostaria de começar por fazer uma declaração de interesses: sou grande fã do P.E.D.R.A – Projecto Educativo em Dança de Repertório para Adolescentes.
É impossível referir vezes suficientes o quão importante é permitir a jovens destas idades mergulhar no universo da dança contemporânea, que é uma dança experimental (uma dança para ter e fazer experiências), uma dança que parece performance e uma performance que parece dança, ou seja, que é toda feita de cruzamentos, que aliás é o universo das Grandes Misturas (disciplinares) e das Grandes Aberturas (do corpo) (e já agora do espírito), em suma, universo dos grandes questionamentos e das grandes liberdades. Nada mais indicado para quem está a vivê-los no período da sua maior intensidade.
Mas revisitar o nosso trabalho através dos olhos (e dos corpos, e dos pensamentos, e das vozes) destes jovens é também uma oportunidade preciosa e de uma riqueza imensa para quem fez esse mesmo trabalho. Um revisitar que é também reativar, um revisitar que é voltar a compreender, pelo avesso: “Voltaremos a ensiná-lo a dançar do avesso e esse avesso será o seu verdadeiro direito” (Antonin Artaud, Para acabar com o julgamento de Deus, 1947).
Que bonito que foi chegar a cada uma destas cidades e ver estas tão recentes pessoas usando processos de criação que são os meus favoritos desde há anos, com eles fazendo surgir os seus movimentos, os seus textos, os seus sons, as suas interacções e trajectórias, de forma tão estimulante e criativa. Vê-los a descobrir(-se-me). Vê-los a surpreenderem-se e a entusiasmarem-se com as “coisas esquisitas” sobre as quais me questionavam minutos antes. Vê-los a pensarem juntos tão depressa, debatendo questões que estão no centro do trabalho mas que ainda ninguém tinha colocado em cima da mesa para debate. Ver como tão depressa agarram e não abrem mão das questões fundamentais...
E depois deixei de poder chegar a essas cidades porque deixámos todos de poder chegar fosse a que cidade fosse... E as recentes pessoas começaram a chegar-me a mim, a nós, pelo telefone adentro, pelas aplicadas aplicações desta vida, e pasmámos diante desta juventude que interpela a dança contemporânea no interior do seu quarto, no meio da sua sala, ou da sua cozinha, ou da sua varanda... Se por um lado foi desoladora a interrupção das práticas que estavam em curso no interior de estúdios de dança, repletos de adolescentes que experimentam com o corpo e com o espaço e com o tempo, por outro lado foi puro fascínio vê-los prosseguir essas práticas de forma mais introspectiva, e íntima, quase diarística, no interior das suas casas, continuando a descobrir, a experimentar, a arriscar.
Fundamentais para a minha alegria neste projeto foram obviamente o Henrique Furtado, a Leonor Barata e a Vera Santos, os coreógrafos locais, meus cúmplices absolutos nesta jornada de P.E.D.R.A. Foram eles quem vislumbrou que peças e projectos meus sentiam como mais indicados para trabalhar com o grupo que lhes coube em mãos, foram eles que descobriram caminhos e atalhos entre esses objectos artísticos e estes jovens, foram eles que, já em período de confinamento, continuaram a descobrir como a eles chegar e como com eles trabalhar num contexto subitamente tão adverso e desconhecido. Entusiasmaram-se e entusiasmaram-me, e para eles vai o meu mais sincero agradecimento. Quanto aos participantes digo-o sem cerimónias: sei que este projecto teve um lugar importante nas vossas vidas nos últimos meses e espero que ele vos seja sempre útil, seja como futuros performers e artistas, seja como presentes e futuros fruidores de arte que somos todos, na abertura que vos tenha criado para estes objectos plenos de Não-Saber e que, precisamente por isso, nos fazem entender melhor todas as imensas e diferentes facetas que nos constituem.
A autora escreve segundo a antiga grafia
A nova dança do existir, Vera Santos
Conheci pessoalmente Vera Mantero em 2012 quando, para a minha tese de Mestrado em Estudos Artísticos - Crítica de Arte, a entrevistei a propósito da peça que criou em 2001 para o Ballet Gulbenkian, “Como rebolar alegremente sobre um vazio interior”. Nessa altura tive oportunidade de aprofundar o conhecimento do seu trabalho que sempre acompanhei com fascínio.
Entendo que o repertório de um coreógrafo traduz o seu pensamento relativamente à dança, ao corpo e à comunicação com o tempo em que vive; foi esse trilho que segui pelas obras da coreógrafa com estes adolescentes, acompanhados pela própria Vera Mantero. A sua presença foi a PEDRA de toque deste processo.
Como estar no aqui e agora era o que queria trabalhar com estes adolescentes – Coisa tão difícil nos adolescentes! (disse a Barata, com propriedade, no primeiro encontro de trabalho).
O aqui e agora daqueles sábados à tarde na sala de ensaios do Rivoli era: o que vamos apresentar (e quantas noites vamos estar em Lisboa)? Como rebolar alegremente sobre um vazio interior (2001), foi assim que começámos.
Então procurámos não pensar, procurámos um corpo com vontade própria e com sons estranhos, procurámos aquecer os impulsos, procurámos o olhar com o olhar completamente, procurámos dizer, dizer, imaginar, imaginar melhor ainda sem saber e escrever da mesma forma. Tudo isto a Vera pôs em marcha, tal e qual!
Levei para a sala de ensaio um excerto de um livro* que começava por dizer que ”Os modos pelos quais ignoramos uma coisa são tão importantes senão mais importantes do que os modos pelos quais conhecemos” e concluía “(...) a relação com a zona de não-conhecimento é uma dança.”
Na Sala Estúdio do Campo Alegre lemos textos do António Pinto Ribeiro sobre a Vera Mantero e sobre A Nova Dança Portuguesa; e, já abismados, vimos as peças: Uma rosa de músculos (1989), Sob (1993), A dança do existir (1995), uma misteriosa Coisa, disse o e.e. cummings* (1996).
O Carlos disse que o que vimos não é dança, é teatro. I guess I just really admire her belief and trust in herself and how confident she is in her own body – declarou a Liz.
A propósito de Comer o coração (2004) a Jessica disse: - Ela é uma Deusa!
Se achas que és inteligente então é porque ainda não experimentaste dançar – foi uma das notas do Marco nos papeis que sempre esquecia no estúdio. Afável, melódico, poderoso, representação, descomunal, parábola, metafórico, artístico, desempenho, surreal, resposta, incerteza, dúvida, questão... foram palavras do Joel. A Rios disse: A dança traz isto, um milhão de pensamentos a cada pessoa, e é capaz de demonstrar o que é isto de ser pessoa, o que é isto de existir.
“A arte de viver é, nesse sentido, a capacidade de uma pessoa se colocar numa relação harmónica com o que nos escapa.”* - Esta frase tem de entrar no espetáculo! Disse a Vera.
*Nudités (2012) de Giorgio Agamben
A NOVA DANÇA DO EXISTIR
Coreógrafa-mote inspiradora
Vera Mantero
Coreógrafa de desenvolvimento no Porto
Vera Santos
Intérpretes
Beatriz Rios, Carlos Alexandre Pereira, Catarina Borzyak, Gabriela Rodrigues, Jessica Ferreira, João Figueiredo, Marco Martins e Maria Luís Loureiro.
Participante no processo
Elizabeth Veitch Dumbill
Edição de 2020
Coreógrafa convidada
Vera Mantero
Coreógrafos locais
Henrique Furtado Vieira (Culturgest), Vera Santos (Teatro Municipal do Porto) e Leonor Barata (Teatro Viriato)
Participantes
Beatriz Cabral, Carlos Lebre, Celeste Vasques, Cláudia Inácio, Fatou Fall, Madalena Caldeira de Sousa, Margarida Sequeira, Mariana Vasconcelos e Viviana Gonçalves (Culturgest)
Beatriz Rios, Carlos Pereira, Catarina Borzyak, Elizabeth Dumbill, Gabriela Rodrigues, Jéssica Ferreira, João Figueiredo, Marco Martins, Maria Loureiro e Miguel Marinho (Teatro Municipal do Porto)
Beatriz Ferreira Costa, Carlota Melo Duarte, Inês Eugénia Afonso Cruz, Mafalda Venturini Ramos, Maria Inês Gomes da Silva Marques, Martim Cunha Rodrigues, Sofia Costa Fong Vieira Gomes e Tiago Peres (Teatro Viriato)
MODERADOR CONVERSA
Pedro Santos Guerreiro
Edição de 2019
Coreógrafo convidado
Francisco Camacho
Coreógrafos locais
Carlota Lagido (Culturgest), Joana Providência (Teatro Municipal do Porto) e Leonor Barata (Teatro Viriato)
Participantes
Celeste Espiridião, Beatriz Pereira, Inês Caeiro e Vicente Correia (Culturgest)
Alice Veloso, Antonia Herbert, Bernardo Alves, Dany Duarte, Eduarda Pastor, Francisca Melo, Ivana Duarte, Joao Vieira, Luana Oliveira, Mafalda Garcia, Matilde Cancelliere, Miguel Mota, Rita Pereira (Teatro Municipal do Porto)
Ana Carolina Almeida, Ana Carolina Lopes Barreiros, Ana Carolina Vaz, Ana Maria Rodrigues Figueiredo, Beatriz Marques Neves, Catarina de Almeida Oliveira, Liliana Correia Santos, Mariana Tiago, Raquel Almeida Figueiredo e Rodrigo Loureiro (Teatro Viriato)
Apresentações
Culturgest: 12, 13 ABR
Teatro Municipal do Porto: 12, 13 ABR
Teatro Viriato: 16 ABR (3 grupos)
Edição de 2018
Coreógrafa convidada
Clara Andermatt
Coreógrafos locais
Amélia Bentes (Culturgest), Cristina Planas Leitão (Teatro Municipal do Porto) e Romulus Neagu (Teatro Viriato)
ParticipantEs
Anastásia Russkikh, António Liberato, Carolina Inácio, Catarina Keil, Hugo Mendes, Jonathan Taylor, Leonor Mendes, Margarida Souza e Mariana Vasconcelos (Culturgest)
Ana Beatriz Sequeira, Alice Ferreira, Dalila Pereira, Flávia Freitas, Maria Beatriz Costa, Maria Catarina Diogo e Vanessa Ferreira (Teatro Municipal do Porto)
Beatriz Costa Teixeira, Beatriz Matos Almeida, Cecília Correia Nogueira Almeida Borges, Daniela Filipa Soares Dias, Inês Cardoso Fernandes, Isabel de Ornelas, Diogo Obrist, Mariana Rodrigues Silva, Rita Obrist e Sara Margarida Nogueira Lopes (Teatro Viriato)
APRESENTAÇÕES
Culturgest: 20, 21 ABR
Teatro Municipal do Porto: 4, 5 MAI (3 grupos)
Teatro Viriato: 20 ABR