Eis os Swans de volta à estrada, nesse refúgio nómada com pessoas dentro que tão bem alimenta a sua energia criativa. Esta nova digressão em 2023 celebra um novo álbum, mas também marca como um ferro em brasa a comemoração de 40 anos de uma discografia absolutamente incontornável. Mais do que uma discografia, são 40 anos de uma vida pulsante que contém múltiplas existências, alguns enterros e muitas revoluções sonoras. Michael Gira foi conduzindo os Swans tal qual uma costela extraída a si próprio, carnosa e intuitiva, assumindo o seu fim várias vezes enquanto provocava a ressurreição noutras tantas, como se fosse impossível deixar de ser deus e estancar uma ideia que nasceu para ser imortal. Ausentes de Portugal desde 2017, a pandemia impossibilitou-nos de ver em palco a grandiosidade de Leaving Meaning, o belíssimo álbum de 2019, e também é por isso que não podemos deixar de aproveitar qualquer oportunidade que nos colocarmos de frente para os Swans, aceitando de peito aberto tudo o que nos querem oferecer.

Primeira parte Norman Westberg